MAIRA GUEDES PILTCHER RECUERO INVESTIGANDO ...
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Uma doença é antes de mais nada, um fenômeno social, e a<br />
maneira como a sociedade lida com as questões da doença e da morte, que<br />
é a conseqüência mais temida de qualquer doença, pode nos revelar muita<br />
coisa sobre a organização desta sociedade e suas práticas cidadãs (1998-b,<br />
p.2).<br />
Visando entender essa definição, uma pergunta era exposta de forma<br />
ampla, possibilitando que falassem livremente sobre o assunto: “O que significa para<br />
você DSTs e AIDS?”<br />
“Doença sexualmente transmissível... são doenças transmitidas através do<br />
sexo ah, troca de seringas, tipo usada por pessoa portadora de HIV, essas coisas”<br />
(Paulo, 14 anos).<br />
“É uma doença que é contagiosa, pode vim através do sexo, bejo e até de<br />
um machucado” (Renata, 16 a).<br />
“Te uma relação sexual e te uma doença” (Eduardo, 16 a).<br />
Alguns respondiam simplesmente acerca do significado da sigla, sem<br />
saberem se explicar de outra forma, mesmo quando a pergunta era complementada<br />
com: “Mas qual a importância para ti?”<br />
“Uma doença, pode pegar através de relação sexual, ah não sei o que mais<br />
posso falar” (Vitória, 16 a).<br />
No entanto, outros conceituavam a doença sempre de forma negativa, o que<br />
sabiam era “coisa ruim”, passando, por vezes, a sensação de que o melhor era nem<br />
falar muito no assunto, como podemos ver a seguir:<br />
“Ah sei lá... sei que tenho medo disso. Sei que é uma coisa ruim que tenho<br />
medo” (Rodrigo, 15 a).<br />
“São doenças sexualmente transmitidas. É coisa ruim né? Se a pessoa tem<br />
vão passando pros outros” (Renato,16 a).<br />
O sentimento despertado em cada um quanto à doença está ligado à<br />
maneira como a sociedade construiu a doença, assim como à idéia de que a doença<br />
manifesta um estado de pecado, pois, a princípio, era relacionada a grupos de risco<br />
– as populações marginalizadas: homossexuais masculinos, prostitutas, usuários de<br />
drogas injetáveis (SEFFNER, 1998-b).<br />
Essa visão inicial construída em torno da AIDS provoca um distanciamento<br />
da doença, pois caso o adolescente não se encontre em nenhum desses grupos,<br />
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