MAIRA GUEDES PILTCHER RECUERO INVESTIGANDO ...
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auto-estima, projeto de vida, acesso a serviços de saúde, entre outros aspectos.<br />
Sobre essa construção, Seffner (1998-c, p. 7) esboça alguns questionamentos:<br />
Qual a sua relação com a AIDS? Que relação mantém a<br />
sociedade com a epidemia atualmente? Que relação mantém cada um de<br />
nós com a AIDS? Todos se relacionam da mesma forma com ela?<br />
Considerando cada um de nós, montam-se estratégias em relação a<br />
DSTs/HIV conforme os modelos socialmente construídos.<br />
A primeira forma de a sociedade se relacionar com a AIDS foi restringindo-a<br />
a “grupo de risco”, levando o problema para longe e segregando grupos de conduta<br />
desviante, pecaminosa ou criminosa, como homossexuais, prostitutas e usuários de<br />
drogas. Por conseguinte, transformou-se a AIDS em “doença dos outros”. “No<br />
entanto, o que é promiscuidade? Está relacionada a quantos parceiros? Com que<br />
freqüência? Mais uma vez aponta-se a uma construção individual” (SEFFNER, 1998-<br />
c).<br />
A segunda forma de se relacionar, apontada por Seffner (1998-c) foi limitar a<br />
epidemia a comportamentos de risco, evidenciando que pode acometer pessoas<br />
não-incluídas nos “grupos de risco”, isto é, tratando-a como “um problema de todos”.<br />
No entanto, ela não é de todos porque não estão todos na mesma posição<br />
social, diante dela. Encará-la assim é desconsiderar fatores, tais como acesso à<br />
informação e à assistência à saúde, questão econômica e social, entre outros<br />
elementos. Além disso, pensar desse modo é assumir uma ótica individualista e<br />
culpabilizante, pois, caso alguém se contamine, “é porque adotou um<br />
comportamento de risco; a culpa é dele!” É o que se percebe na citação transcrita<br />
abaixo.<br />
(...) Ora, os modos de transmissão de uma doença são muitas<br />
vezes mais sociais do que individuais, e não resolveremos a questão<br />
buscando culpabilizar cada um por atitudes tomadas, ou premiando outros<br />
com modelos de comportamento, mas sim entendendo as razões que levam<br />
pessoas e grupos a estarem em situação mais vulnerável à infecção pelo<br />
HIV (SEFFNER, 1998, p. 403 apud SEFFNER 1998-b, p.9).<br />
Para Lorenzo (2006) é evidente que todos os seres humanos podem estar<br />
expostos a um ou outro fenômeno, no entanto, é, por seu turno, igualmente<br />
consensual que a susceptibilidade e o grau de risco não são os mesmos nem se<br />
distribuem ao acaso a toda a sociedade; conseqüentemente, os graves efeitos<br />
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