eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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Lingüística antropológica<br />
A comunicação dos seres humanos se deve muito à fala e no estudo etnológico a<br />
diferença lingüística possui um amplo capitulo por constituir a principal ponte para o<br />
entendimento da cultura alvo, dependendo da sua ótica motivacional em aprender a<br />
nova língua. Foram especialmente os etnólogos e lingüistas americanos Edward Sapir<br />
(1884-1939) e Benjamim Lee Whorf (1897-1941) que, utilizando o pensamento de<br />
Wilhlm Von Humboldt (1767-1835), fizeram a mais clara ligação entre língua e<br />
imagem desembocando em um dos mais importantes métodos etnológicos, a<br />
antropologia cognitiva. Sapir e Whorf puderam concluir, observando os índios<br />
americanos, que “aqueles que entendiam e falavam esses idiomas referiam-se a certos<br />
fenômenos de forma muito diferente daqueles que falavam o inglês ou uma outra<br />
língua Indo-européia”. 68<br />
Genevois Saussure (1857-1913) se expressou dizendo que “cada língua forma um todo<br />
que no momento basta a si mesma” 69 tentando demonstrar o elemento utilitário da<br />
língua. Em outras palavras, as línguas tentam, em seus momentos definidos,<br />
instrumentar uma sociedade para manifestar de forma comunicável aquilo que vê,<br />
sente, faz e teme. É fruto da ‘realidade social’. Devido a isto, tomando como exemplo<br />
a ‘neve’, que em nosso Português é comunicada por um termo, entre os Inuit do<br />
Alaska são utilizados 13 diferentes termos, a depender de sua textura, quantidade, cor<br />
e até mesmo utilidade. A experiência social dos Inuit com a neve ao longo dos anos<br />
demandou tal complexidade e detalhismo. Para estes esquimós cada uma das 13<br />
neves formam uma idéia distinta.<br />
O estudo da cultura e identificação social a partir da lingüística, ou utilizando-se da<br />
mesma, é hoje uma afirmação quase universalmente aceita. Käser enfatiza que de fato<br />
podemos perceber que a língua em um grupo, em sua forma ampla de entendermos<br />
os valores de comunicação, é fruto da história cultural daquele povo e não o<br />
contrário. Segundo Allison o isolamento de um grupo por mais de três séculos<br />
precipita o desenvolvimento de um novo dialeto. Este dialeto, portanto, com suas<br />
nuances proverbiais e tonais, toda a complexidade gramatical e abundância de<br />
vocabulário não foi gerado a partir de uma nova experiência social mas é fruto de<br />
uma transformação lingüística a partir de uma língua chave, da história cultural de<br />
um grupo. Sua influência de transformação lingüística não foi puramente lingüística<br />
mas sim social.<br />
Desta forma, a procura por ‘key terms’ (termos chaves) em cada cultura deve passar<br />
68 Käser, Lothar. Diferentes culturas: Uma introdução à etnologia. Londrina: Descoberta, 2004.<br />
69 Laburthe-Tolra e Warnier, OP.Cit.pg.292.<br />
87 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório