eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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forma mais constante. Se uma mulher não pode banhar-se no rio após dar a luz, em determinado grupo, se sua sociedade for regulada por leis e tal procedimento ali se enquadrar, é possível que tal norma seja muito mais cumprida do que nos grupos regulados pela tradição. Os tabus, assim, possuem sua intensidade definida pela escala de regulamentos sociais de um grupo. Obviamente este assunto está diretamente ligado ao perfil coletivo do grupo (mais comunitário, mais individualista, se totêmico e etc.) porém gostaria de destacar que é relevante observar que as leis, normas, hábitos, costumes e tradições definem a forma como um grupo identifica seu papel no universo, sua interação com ele e as conseqüências de cumprir ou não o que lhe é exigido. Percebo que os grupos mais informais, com tabus em constante quebra, marcados pelo individualismo (normalmente grupos nômades e minoritários) constituem, nesta categorização, um padrão cultural por vezes resistente à compreensão de certos valores cristãos. Porém sobre isto falaremos mais adiante. Leis são regras de comportamento formuladas deliberadamente e impostas por uma autoridade especial e de obediência obrigatória. Muitas vezes impõem o padrões que já eram aceitos pela sociedade não organizada de maneira formal. Tais leis são normalmente registradas e comunicadas, como a velocidade máxima em determinadas avenidas. Normas são expectativas não obrigatórias de comportamento social, coletivos, espontaneamente aceitos por todos como as convenções, formas de etiquetas. É também um caminho bom para entender como o povo pensa. Um exemplo seria agradecer após receber um presente ou não falar enquanto come, com a boca cheia. Padrões são expectativas moralmente sancionadas com vigor pela sociedade. Desobedecer aos padrões provoca desaprovação moral. Por exemplo: enterro dos mortos, cuidado das crianças, patriotismo, monogamia, uso de roupas e outros. Hábitos, costumes e tradição são atividades valorizadas pelo grupo e reproduzidas a partir desta motivação comunitária. Normalmente é aprendida formal e informalmente, transmitida no núcleo familiar bem como na comunidade em seu dia a dia, e é associada à identidade do grupo. Nesta categoria encontraremos as músicas, danças, expressões coletivas de alegria e tristeza bem como toda uma cadeia comportamental que regula o pertencer social, o que é aceitável ou não. Os hábitos são regras sociais mais definidas pelo indivíduo, ou seja, a partir de suas decisões, escolhas e conveniência. Os costumes são regras sociais definidas pelo grupo, porém dinâmicas e sempre sujeitas a reavaliação constante. As tradições são regras sociais históricas, mais estáticas. 78 eBook – Antropologia Missionária – Ronaldo A Lidório
Surge aqui a questão dos pensamentos progressivos, ou seja, valores que desenvolvemos enquanto expostos a novas situações e contextos, não necessariamente passados pelos nossos pais ou pelo grupo. Leiamos Bonhoeffer: Em Lugar de Deus, o ser humano enxerga a si mesmo. ‘E abriram-se-lhes os olhos’ (Gn 3.7). O ser humano se reconhece em sua desunião em relação a Deus e ao semelhante. Reconhece que está nu. Sem a proteção, sem a cobertura que Deus e o outro significam, ele se sente exposto. Nasce o pudor. É a indestrutível lembrança do ser humano da sua separação da origem, é a dor decorrente desta separação e o desejo impotente de desfazê-la. O ser humano se envergonha porque perdeu algo que faz parte de sua essência original e de sua integridade. Tem vergonha de sua nudez. 63 A ética é, portanto, vista aqui a partir de um processo mental, individual ou coletivo, atemporal. Devemos compreender que as leis, normas, hábitos e costumes, bem como a tradição não são escalas que elaboram o pensamento humano. Pelo contrário, são o resultado deste pensar. A ética humana se manifesta nas mais diversas formas de regulamentos sociais. Chama, porém, nossa atenção a existência desta ética a partir de valores universais, apesar da intensa diversidade étnica e cultural no mundo. Questionário direcionador 97. A música é utilizada nas práticas diárias? 98. A música é utilizada nas práticas cerimoniais? 99. Há distinção de música sacra e profana (religiosa e secular)? 100. Quem compõe letras e músicas? 101. Quem executa certos tipos de música? 63 Bonhoeffer, Dietrich. Ética. São Leopoldo: Sinodal, 2005. 79 eBook – Antropologia Missionária – Ronaldo A Lidório
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Surge aqui a questão dos pensamentos progressivos, ou seja, valores que<br />
desenvolvemos enquanto expostos a novas situações e contextos, não<br />
necessariamente passados pelos nossos pais ou pelo grupo. Leiamos Bonhoeffer:<br />
Em Lugar de Deus, o ser humano enxerga a si mesmo. ‘E abriram-se-lhes os<br />
olhos’ (Gn 3.7). O ser humano se reconhece em sua desunião em relação a<br />
Deus e ao semelhante. Reconhece que está nu. Sem a proteção, sem a<br />
cobertura que Deus e o outro significam, ele se sente exposto. Nasce o pudor.<br />
É a indestrutível lembrança do ser humano da sua separação da origem, é a<br />
dor decorrente desta separação e o desejo impotente de desfazê-la. O ser<br />
humano se envergonha porque perdeu algo que faz parte de sua essência<br />
original e de sua integridade. Tem vergonha de sua nudez. 63<br />
A ética é, portanto, vista aqui a partir de um processo mental, individual ou coletivo,<br />
atemporal. Devemos compreender que as leis, normas, hábitos e costumes, bem<br />
como a tradição não são escalas que elaboram o pensamento humano. Pelo contrário,<br />
são o resultado deste pensar. A ética humana se manifesta nas mais diversas formas<br />
de regulamentos sociais. Chama, porém, nossa atenção a existência desta ética a<br />
partir de valores universais, apesar da intensa diversidade étnica e cultural no<br />
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Questionário direcionador<br />
97. A música é utilizada nas práticas diárias?<br />
98. A música é utilizada nas práticas cerimoniais?<br />
99. Há distinção de música sacra e profana (religiosa e secular)?<br />
100. Quem compõe letras e músicas?<br />
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63 Bonhoeffer, Dietrich. Ética. São Leopoldo: Sinodal, 2005.<br />
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