eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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observa sua identidade e desenvolvimento, irá gerar a plataforma de compreensão de<br />
uma mensagem, qualquer mensagem. Desta forma proponho encontrarmos dois<br />
elementos culturais de enorme valor para a comunicação do evangelho de forma<br />
viável e inteligível: a Persona Alfa e o Ponto Alfa.<br />
Olhamos para a historicidade cultural como uma área de estudo que tentará traçar a<br />
etnologia de um grupo ou segmento em termos de herança histórica que evidencia<br />
sua identidade. As áreas de estudo, de forma simplificada, seriam duas. inicialmente<br />
a identificação do primeiro ser humano, mitológico ou lendário, a quem se atribua a<br />
origem da humanidade ou do grupo em particular dentro da historicidade daquele<br />
povo. Procuramos aqui o Adão reconhecido por eles. Tenho percebido que este ser<br />
possui denominação em grande parte das culturas animistas da África e América do<br />
Sul. Nós o chamaremos de Persona Alfa e estudá-lo, dentro da cosmovisão do povo<br />
alvo é uma ponte para entendermos as concepções históricas e míticas do grupo<br />
quanto à criação, existência humana, propósito, pecado e esperança.<br />
Em segundo lugar precisaremos identificar os descendentes e formação de famílias,<br />
clãs e grupos. Normalmente estes assuntos estão envoltos em mitologia e lendas<br />
lembrando que mitologias são artifícios literários e mentais para a documentação<br />
tradicional de um fato observado sob certa ótica e lendas são criações de eventos<br />
novos, não existentes, que guardam em si valores ou resquícios de verdades<br />
históricas. Sem conhecermos a cosmovisão de um povo sobre certo aspecto da vida<br />
teremos pouquíssima chance de conseguir comunicar um valor, qualquer valor, que<br />
lhes soe como crível ou viável. Com isto não estamos defendendo que os personagens<br />
e eventos mitológicos de um povo sejam utilizados no processo da evangelização mas<br />
sim que sejam observados e estudados a fim de compreendermos os padrões culturais<br />
que determinam o sentimento de existir naquele grupo. Sem a compreensão desta<br />
avenida, e trato da mesma (com utilização terminológica ou mesmo confronto<br />
axiomático), nossa mensagem permanecerá sempre alienígena e distante. Se na<br />
cosmovisão Konkomba Kinimbom é o espírito que destrói, podemos utilizar ou não<br />
este termo (e compreensão de identidade) para expormos Satanás ao ensinarmos o<br />
evangelho. Isto dependerá de um julgamento por critérios que narraremos mais a<br />
frente. O importante nesta altura, porém, é observarmos se nesta cultura, Konkomba,<br />
por exemplo, há o conceito de espírito destruidor (aquele que veio roubar, matar e<br />
destruir) o que nos indicará o grau de simplicidade ou complexidade para expormos<br />
este personagem de acordo com a Palavra para o grupo.<br />
Se procurássemos a Persona Alfa entre os Bassaris do Togo encontraríamos Yunii,<br />
um ser mitológico e a quem se indica o título de primeiro Bassari, o qual vivia na<br />
região de Toran, o centro do universo para o grupo, pois é de onde Yunii veio. A<br />
62 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório