eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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exemplo) tão completo quanto possível.” 55 Como exemplo podemos pensar nos<br />
termos deus em algumas etnias africanas com etnografias escritas que sugerem idéias<br />
comuns em povos que nunca poderiam ter se comunicado. No apêndice 2, quando<br />
citamos Amowia (O doador do sol) da cultura Ewe, percebe-se que este povo habita<br />
uma área frequentemente nublada (a margem do Volta) e o sol é um elemento<br />
necessário para as jornadas de pesca. Já Amosu (O doador da chuva) da cultural<br />
Frafra que habita o norte árido de Gana está ligado a necessidade do povo de água<br />
para o plantio e subsistência. Muitos outros termos para deus e deuses indicam a<br />
ligação entre a necessidade objetiva da sociedade e sua religião. Para Lévi-Strauss é a<br />
confirmação de uma união psíquica universal.<br />
Sistema simbólico<br />
O Sistema simbólico constitui a última abordagem, desenvolvido nos Estados Unidos<br />
da América, especialmente por Geertz e Schneider 56 . Assim, a cultura deve ser<br />
considerada “não um complexo de comportamentos concretos mas um conjunto de<br />
mecanismos de controle, planos, receitas, regras, instruções para governar o<br />
comportamento” 57 . Geertz explica que todo homem é geneticamente capaz para<br />
receber um programa, e este programa é a cultura, tornando-se assim uma teoria,<br />
semelhante neste aspecto a Lévi-Strauss, de unidade da espécie.<br />
Para tal, Geertz afirma que “todos nós nascemos com o equipamento para vivermos<br />
mil vidas, mas ao fim vivemos apenas uma”, 58 ou seja, qualquer criança poderia se<br />
adaptar em 1.000 diferentes culturas se para isto dispusesse de tempo e espaço, mas<br />
gasta sua existência em uma fatalidade unitária. Para comprovar sua teoria ele afirma<br />
que todos nós sabemos o que fazer em determinadas situações, apesar de não<br />
sabermos prever o que iremos fazer. A cultura é, assim, um código de símbolos<br />
partilhados pelos membros de uma sociedade. Em outras palavras, no que mais nos<br />
interessa, o homem dispõe em si de elementos universais e comuns a todos.<br />
Segue adiante, pois, o desenvolvimento de três roteiros. O primeiro de abordagem<br />
mais humana e social, que chamamos de Antropos. O segundo é o estudo do homem<br />
como ser religioso que chamamos de Pneumatos. O terceiro, Angelos, é o estudo da<br />
possibilidade de comunicação do Evangelho com base nas informações das outras<br />
duas abordagens. Nestas abordagens sempre agimos categorizando, com os pés no<br />
chão, e configurando-os através de perguntas compreensíveis.<br />
55 Laburthe-Tolra e Warnier, Op.Cit.<br />
56 Geertz, Clifford e Schneider, David.<br />
57 Laraia, Roque de Barros. Op cit.<br />
58 Geertz, Clifford. A Interpretações das culturas. Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1989<br />
58 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório