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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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analisarmos os fatos sociais por lentes êmicas, compreendo seu valor para o povo que<br />

os experimenta, e após termos feito esta caminhada, expormos a estes o evangelho de<br />

forma viva e aplicável, compreensível em seu próprio universo. Podemos aqui<br />

salientar diversas iniciativas de contextualização bem sucedidas na história da Igreja<br />

como Lutero que, no nascer da reforma protestante, traduziu os hinos antes recitados<br />

apenas pelo clero nas missas em Latim, para o povo comum, em Alemão, na língua<br />

conhecida e usada. Ou ainda como Calvino que, na Genebra do século XVI, decide<br />

administrá-la a partir de um investimento na educação da presente geração,<br />

construindo escolas e assim facilitando a compreensão das Escrituras pelo povo<br />

comum. E para este povo escreveu inúmeros livros e comentários bíblicos, a fim de<br />

que o conhecimento teológico não fosse restrito a poucos. Não basta comunicarmos a<br />

mensagem do evangelho. É necessário fazermos isto na língua do povo, dentro de seu<br />

bojo de compreensão cultural, em sua própria casa e sociedade. Uma abordagem<br />

êmico-teológica nos ajudará nesta caminhada.<br />

Ao introduzir o evangelho como sistema explicativo ao povo Konkomba de Gana, um<br />

dos atos recorrentes foi a percepção êmica na cultura para o conceito de pecado e<br />

erro. Na cosmovisão Konkomba o erro pessoal ou social possui uma clara escala de<br />

relevância filtrada sob o critério da honestidade. Este elemento, a honestidade, não é<br />

apenas o bem mais precioso mas também o crivo para se julgar a relevância e<br />

gravidade dos erros pessoais e sociais. Desta forma a mentira é o ato mais abominável<br />

enquanto o adultério e assassinato são práticas vistas como erro, porém mais<br />

brandas. Uma mentira dita a muitos precisa ser tratada, culturalmente, através de um<br />

longo processo de desvendamento, exposição e perdão. O mentiroso recorrente pode<br />

ser banido da sociedade enquanto para o adultério e assassinato há diversos<br />

mecanismos de pacificação. No estabelecimento da liderança da primeira igreja entre<br />

os Konkomba-Bimonkpeln, na aldeia de Koni, notamos que a ênfase bíblica dada ao<br />

pecado foi interpretada dentro da mesma cadeia êmica de erro social. A mentira, na<br />

igreja, passou a ser tratada com relativa maior severidade do que o adultério. Em<br />

diversos sermões ouvi a liderança exortando o povo explicando o valor da<br />

honestidade no caráter de Cristo, no evangelho e nos fundamentos do Cristianismo.<br />

Desenvolvemos, assim, com a liderança Konkomba uma teologia bíblica de<br />

honestidade que estuda os princípios bíblicos sobre o tema. Um estudo de caso<br />

também foi feito e exposto com base no relato de Ananias e Safira.<br />

Seguindo um padrão êmico-teológico observamos um fato social ou relato de acordo<br />

com aquele que o experimenta, e aplicamos a verdade do evangelho a fim de que este,<br />

sendo supracultural e universal, possa responder às perguntas do seu coração, em sua<br />

cultura, como o faz conosco. Esta é a plataforma para a abordagem que iremos expor<br />

no Angelos, um dos últimos capítulos.<br />

54 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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