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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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esultado, porém, de uma abordagem puramente ética, a partir de minha<br />

compreensão ou preconcepção dos fatos. Tempos depois fui informado pelos Bassari<br />

do que se tratava. Era um processo científico. O homem que saía encurvado de sua<br />

palhoça o fazia devido ao fato da mesma possuir uma porta diminuta, muito baixa,<br />

para sua estatura. Devido à sua idade levaria alguns segundos para se recompor do<br />

esforço e conseguir aprumar-se novamente. E ele era um ancião, líder do clã daquele<br />

que morrera, não o feiticeiro da aldeia que, apesar de presente, sentava-se<br />

confortavelmente embaixo de uma frondosa árvore. Segurava em sua mão esquerda<br />

uma cabaça, pois precisava utilizar uma das mãos para fazê-lo, direita ou esquerda.<br />

Esta cabaça continha de fato sangue de cabra, porém sem envolvimento de sacrifício<br />

ou atos de invocação espiritual. Era sobra da última cabra morta para o almoço. A<br />

aspersão do sangue sobre o corpo do morto era uma técnica desenvolvida pelos<br />

Bassari para minimizar o mau odor devido à exposição do mesmo em um clima<br />

quente por aproximadamente 48 horas a espera dos parentes que vinham de lugares<br />

distantes para o sepultamento. Assim utilizavam o sangue de cabra para, coagulado,<br />

tapar os poros do corpo ali postado e minimizar o mau odor. Usavam os ramos de<br />

Itopah em lugar de pincel (por não conhecerem e possuírem o segundo) e sua<br />

resposta (lafabaah) era puramente a resposta padrão aos que chegavam de lugares<br />

distantes cumprimentando-o, que neste caso significa simplesmente “tudo bem,<br />

obrigado”.<br />

Muitas vezes corremos o risco de transmitir o evangelho com base em fatos e<br />

fenômenos religiosos julgados a partir de nossa própria cosmovisão. Não a bíblica,<br />

não revelacional, mas da nossa cultura.<br />

Boas, em seu artigo As limitações do método comparativo, informa-nos sobre o<br />

método normalmente oferecido para o estudo antropológico, dentro de uma procura<br />

êmica, quando diz que “isolar e classificar causas, agrupando as variantes de certos<br />

fenômenos etnológicos de acordo com as condições externas sob as quais vivem os<br />

povos entre os quais elas são encontradas, ou de acordo com as causas internas que<br />

influenciam as mentes desses povos; ou, inversamente, agrupando essas variantes de<br />

acordo com suas similaridades. Podem-se encontrar, assim, condições correlatas da<br />

vida” 44.<br />

Stoll tentou isolar os fenômenos da sugestão e hipnotismo a fim de estudar os fatores<br />

psíquicos em diversas culturas. O uso de um segmento de estudo, através do<br />

isolamento e classificação, possui a virtude de nos levar a evitar a universalidade dos<br />

fatos e de nos concentrarmos nas pistas que levam à verdade factual. Boas afirma que<br />

44 Boas, Franz. <strong>Antropologia</strong> cultural. Op.Cit.; pg 27<br />

52 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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