eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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Capítulo 3<br />
Orientação de aquisição lingüística e padrões de abordagem<br />
cultural<br />
O primeiro cuidado que devemos tomar, ao adentrarmos no estudo etnológico é<br />
discorrermos a respeito de suas limitações. Laburthe-Tolra e Warnier, a propósito da<br />
pesquisa etno-antropológica, salienta o aspecto da prolongada familiaridade 36 que<br />
precisa haver entre o pesquisador e o objeto alvo, isto é, o povo ou grupo que<br />
pretende estudar. Lembra que, depois da antropologia ter sido reconhecida como<br />
disciplina, muitas empresas encomendam trabalhos e desejam seus resultados em<br />
pouco tempo, o que motiva um estudo raso e desconectado da realidade atual. Ele<br />
afirma que “a longa familiaridade... à qual só se pode ter acesso sendo aceito pelo<br />
grupo observado e participando de seu dia-a-dia...” é o instrumento de trabalho mais<br />
adequado ao pesquisador.<br />
Laburthe-Tolra e Warnier nos alerta que é necessário conviver com o povo a ser<br />
abordado. Somente assim podemos ter acesso à forma como este povo pensa, se<br />
organiza e os valores ali existentes. Algo interessante a acrescentar aqui é que este<br />
povo, seja urbano, seja tribal, não tem categorias demarcantes de seus valores. Ou<br />
seja, apesar de experimentá-los a cada dia não saberiam explicá-los ou sistematizá-<br />
los. Por exemplo, a expressão pós-modernismo surgiu para explicar certo<br />
comportamento a partir de novos valores na sociedade humana complexa,<br />
normalmente urbana ou rural, não tribal. Mas antes de surgir o termo, aquilo que foi<br />
motivo de sua criação já existia: as idéias. O mesmo ocorre em sociedades chamadas<br />
simples.<br />
Entre os Konkombas de Gana, por exemplo, não se encontra o termo magia. No<br />
entanto há uma expressão para vento: libuln. E conforme a atitude do vento (força,<br />
direção, altitude) algo pode ser ou não mágico. Apesar de não haver um termo<br />
identificador há uma elaborada idéia de magia. Cabe a nós categorizarmos, para<br />
entendermos e sistematizarmos, tais idéias. É necessário, assim, estudarmos os<br />
valores deste povo e transformá-los em valores escritos e inteligíveis para nós, como<br />
fator fundamental para entendermos seu universo e comunicarmos bem nele.<br />
Aquisição lingüística e cultural<br />
Nesta nossa orientação básica enfatizarem os elementos que julgo essenciais para o<br />
estudo e aprendizado de uma língua. São eles: 1) Coleta e organização; 2) Estudo e<br />
36 Laburthe-Tolra e Warnier. Etnologia, <strong>Antropologia</strong>. Editora Vozes, 1997. pg. 423.<br />
33 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório