eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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13.04.2013 Views

Cozinharam todo o restante e comeram os quatro porcos naquele mesmo dia. O Curupira Na cosmovisão Yuhupdeh existe a figura do Kuayö, ou Curupira. É descrito como um ser com certos traços humanos, mas com o corpo coberto de pêlos, pés para trás e que emite um barulho estarrecedor. Seus urros são tão fortes que as árvores se envergam como se fossem varas. Ele é o dono das caças e, assim, quando faltam animais na floresta é porque o Kuayö está “sovinando” os mesmos. Então o pajé faz benzimentos para libertar as caças. Todos têm o Kuayö, pois quem se encontrar com ele na floresta certamente será devorado. Yanomami Rito de nomeação Yanomami-Sanumá Alguns dias depois que nasce uma criança fisicamente normal e em condições sociais também normais, o pai vai caçar. O animal que ele matar será o epônimo da criança, isto é, esta será chamada pelo nome dado à espécie da caça morta. Em outras palavras, o pai sai a caçar literalmente o nome do seu filho (ou filha). Essa caçada se reveste de grandes cuidados, pois é misticamente sobrecarregada de perigos, em parte porque a criança receberá do animal, além do nome, também um certo espírito que se aloja em seu corpo. O pai deve, pois, evitar ao máximo manusear o animal abatido; carrega-o para a aldeia pendurado em um cipó e passa-o imediatamente para os seus afins, ou seja, os parentes consangüíneos de sua mulher. Nem ele nem ela podem comer a carne sob pena de porem em risco a vida da criança. São esses afins do caçador que irão consumir a carne e dar o veredicto: se a carne for de boa qualidade, a criança viverá; senão, morrerá. Maxacali Rito de Cura Destinam-se apenas às crianças, aos jovens e adultos. Os recém-nascidos ainda não têm nomes e por isso não existem socialmente. Os velhos, por estarem com a idade avançada, necessitam descansar. A doença é interpretada como uma intervenção dos espíritos dos mortos que capturam as almas dos vivos. Conseqüentemente, os rituais de cura visam restaurar o 240 eBookAntropologia MissionáriaRonaldo A Lidório

equilíbrio, agradando aos espíritos, dos quais as mulheres são as presas mais fáceis. O ritual é comandado pelo líder do grupo residencial. Acompanhado pelos parentes do doente, o líder canta, dança e pergunta em voz baixa ao doente qual o espírito que o atormenta e, ao espírito, quais os seus desejos. Cumprida essa etapa, os homens retiram-se para a casa de religião, onde adotam as medidas necessárias à continuidade dos trabalhos. Tendo obtido todo o necessário, retornam junto ao jirau do doente, promovendo nova sessão de cânticos e súplicas, lançando grandes baforadas de fumo sobre o paciente. Os espíritos são instados a se retirarem. Quando o cão da casa gane, é considerado que foi estabelecido o contato com o espírito iniciando-se uma nova etapa do processo de cura. A palhoça é deixada no escuro e usam-se os zunidores até novos ganidos do animal. Este é o sinal indicativo da saída do espírito. Os responsáveis pelo ritual se retiram da palhoça, onde as lamparinas ou fogueira voltam a ser acesas e a comida ofertada aos espíritos desaparece, sendo o consumo atribuído aos espíritos homenageados Rito fúnebre Na cultura Maxakali os rituais fúnebres são marcados por muito choro. O corpo não é enterrado pelos parentes e sim pelos amigos. O sepultamento deve ser o mais rápido possível, antes do pôr-do-sol. Neste ínterim, todo o grupo residencial deve abandonar as casas e queimar a casa do morto. Após o sepultamento, a família enlutada muda-se temporariamente para a casa dos parentes mais próximos. Caso a morte aconteça durante a noite, todo o grupo permanece em vigília, sepultando o corpo logo pela manhã. Isto se dá porque, naquela cosmovisão, os yamiy, ou espíritos dos mortos, são uma ameaça aos vivos. São eles quem roubam as almas dos vivos causando doenças e até morte. Se a sua casa não for destruída, ele ficará rondando a mesma e roubará as almas dos seus familiares. Pankararu Entre os Pankararu do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, quando o menino atinge cerca de doze anos, ele é submetido a um ritual chamado “menino no rancho”. Armam um pequeno rancho no centro da aldeia e o menino, com o corpo pintado de branco e vestindo enfeites de croá, é colocado ali. Dois grupos são formados para disputar a criança. Um grupo é formado pelos praiás – “encantados” – que dançam vestindo suas indumentárias – máscaras de palha que cobrem todo o corpo. Neste momento, todos da aldeia devem crer que não são homens que estão com as máscaras e sim espíritos. As mulheres são ameaçadas de morte se comentarem quem estava usando a máscara durante o ritual. 241 eBookAntropologia MissionáriaRonaldo A Lidório

Cozinharam todo o restante e comeram os quatro porcos naquele mesmo dia.<br />

O Curupira<br />

Na cosmovisão Yuhupdeh existe a figura do Kuayö, ou Curupira. É descrito como um<br />

ser com certos traços humanos, mas com o corpo coberto de pêlos, pés para trás e que<br />

emite um barulho estarrecedor. Seus urros são tão fortes que as árvores se envergam<br />

como se fossem varas. Ele é o dono das caças e, assim, quando faltam animais na<br />

floresta é porque o Kuayö está “sovinando” os mesmos. Então o pajé faz benzimentos<br />

para libertar as caças. Todos têm o Kuayö, pois quem se encontrar com ele na floresta<br />

certamente será devorado.<br />

Yanomami<br />

Rito de nomeação Yanomami-Sanumá<br />

Alguns dias depois que nasce uma criança fisicamente normal e em condições sociais<br />

também normais, o pai vai caçar. O animal que ele matar será o epônimo da criança,<br />

isto é, esta será chamada pelo nome dado à espécie da caça morta. Em outras<br />

palavras, o pai sai a caçar literalmente o nome do seu filho (ou filha). Essa caçada se<br />

reveste de grandes cuidados, pois é misticamente sobrecarregada de perigos, em<br />

parte porque a criança receberá do animal, além do nome, também um certo espírito<br />

que se aloja em seu corpo. O pai deve, pois, evitar ao máximo manusear o animal<br />

abatido; carrega-o para a aldeia pendurado em um cipó e passa-o imediatamente<br />

para os seus afins, ou seja, os parentes consangüíneos de sua mulher. Nem ele nem<br />

ela podem comer a carne sob pena de porem em risco a vida da criança. São esses<br />

afins do caçador que irão consumir a carne e dar o veredicto: se a carne for de boa<br />

qualidade, a criança viverá; senão, morrerá.<br />

Maxacali<br />

Rito de Cura<br />

Destinam-se apenas às crianças, aos jovens e adultos. Os recém-nascidos ainda não<br />

têm nomes e por isso não existem socialmente. Os velhos, por estarem com a idade<br />

avançada, necessitam descansar.<br />

A doença é interpretada como uma intervenção dos espíritos dos mortos que<br />

capturam as almas dos vivos. Conseqüentemente, os rituais de cura visam restaurar o<br />

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