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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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Claude Levy-Strauss é um dos mais renomados, e citados, antropólogos em nossos<br />

dias. Filho de pais artistas, intuitivo e acadêmico, completou sua agregation em<br />

filosofia na Sorbonne nos anos 30 e até mesmo teve uma rápida passagem por São<br />

Paulo como professor de antropologia. Sua obra clássica (As Estruturas Elementares<br />

do Parentesco) possui clara e forte influência de Mauss (que alias chegou próximo das<br />

suas conclusões chamadas ‘místicas’). Em sua tese inicial Levi-Strauss estuda o<br />

agrupamento humano em uma perspectiva evolutiva e assim esperava-se encontrar<br />

ao longo das pesquisas etnológicas uma paralela evolução dos valores humanos.<br />

Entretanto, para surpresa do racionalismo e existencialismo reinantes na época,<br />

Levy-Strauss analisa os agrupamentos humanos históricos e presentes sob a ótica de<br />

uma pesquisa empírica e conclui que os valores sócios culturais sem sombra de<br />

dúvidas eram pré-estabelecidos. Em outras palavras, o valor moral existiu antes dos<br />

agrupamentos humanos se dispersarem para a formação de grupos maiores.<br />

Utilizando o estudo antropológico de alguns axiomas gerais como o incesto ele<br />

concluiu que tais valores existiam antes da formação da sociedade alvo. Se o homem<br />

ainda não havia tido ‘história’ suficiente para, ele mesmo, desenvolver seu padrão<br />

moral e transmiti-lo a grupos posteriores, qual a raiz do padrão moral ? Não há<br />

resposta fora da pessoa de Deus. Levy-Strauss menciona que ‘...o princípio da vida<br />

não pode ser unicamente explicado por uma versão do funcionalismo (vive-se para<br />

um fim) nem tampouco empiricamente por fatos condenados a falares por si<br />

mesmos... De fato, sistemas de parentesco mantêm a natureza em xeque pois o<br />

incesto, a priori, não é um fenômeno natural, evolutivo, mas sim axiomático, pré-<br />

existente’ . 150<br />

Curiosamente passei a ler um pouco mais de Mauss, que fortemente influenciou<br />

Levy-Strauss. Apesar de não possuir conclusões tão expressivas ele expõe<br />

exaustivamente o conceito de ‘mana’. ‘Mana’ para Mauss é uma inexplicável<br />

sobrenaturalidade sem a qual as sociedades tornar-se-iam inviáveis. A conclusão<br />

nesta fase inicial de Mauss foi a de unicidade. A humanidade é uma pois vivemos sob<br />

a sombra de um só ‘mana’. Chegou a esta conclusão após o estudo exaustivo<br />

etnográfico de três grupos, os Potlatch na América, os Kula no Pacífico e os Hau da<br />

Nova Zelândia. Afirmou, ao fim, que ‘passo a crer em meios necessariamente<br />

biológicos de se entrar em comunicação com Deus’ . 151 Não pensemos entretanto que<br />

‘comunicação com Deus’ provém de uma concepção teológico/revelacional. Ele<br />

jamais chegou perto disto. Entretanto reconhece que sem ‘mana’, a existência<br />

autônoma do Eterno interventor, a sociedade como existe hoje seria inconcebível pois<br />

‘todos os grupos culturalmente definidos concordam, buscam e reconhecem<br />

150 Pace, D. The Bearer of Ashes, Boston 1983<br />

151 Mauss, Marcel. As técnicas do corpo. São Paulo: EDUSP, 1974. Na verdade Ele aqui se referia a Pascal<br />

quando afirmou instruiu: “Ajoelhe-se, mova os lábios em oração e você acreditará em Deus”.<br />

231 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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