eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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Apêndice 2<br />
Urbanos – pesquisa sociocultural<br />
<strong>Ronaldo</strong> Lidório<br />
A sociedade brasileira é profundamente diversificada racial e socialmente. Por outro<br />
lado possui alguns marcos definidores de sua identidade social fazendo com que o<br />
homem brasileiro possua elementos unificadores de forma geral, mesmo em<br />
agrupamentos distintos como os urbanos, suburbanos e rurais. Já as sociedades<br />
tribais indígenas são únicas e freqüentemente distintas lingüística e culturalmente<br />
havendo, porém, alguns poucos (mas constantes) traços unificadores visto nossa<br />
procedência cultural e conseqüente miscigenação com tais grupos.<br />
De forma geral, portanto, podemos observar que o homem brasileiro possui o que<br />
chamarei aqui de perfil cultural. Utilizá-lo cooperará para falarmos sua língua e<br />
dialogarmos em sua cultura.<br />
Uma sociedade contadora de histórias<br />
Devido ao longo processo de miscigenação entre segmentos culturais que valorizam e<br />
utilizam o simbolismo para transmitir valores e construir a identidade grupal nos<br />
tornamos uma sociedade gravemente simbólica e contadora de histórias. Apesar do<br />
uso proporcional do hemisfério esquerdo, mais analítico, do cérebro, o homem<br />
brasileiro se comunica amplamente utilizando seu hemisfério direito, global, através<br />
de histórias contadas e vividas. O ensino conceitual, de desenvolvimento e exposição<br />
de valores, dissociado de uma abordagem simbólica, cultivará resultados pífios na<br />
população geral.<br />
Observo que o processo educacional no indivíduo, quando prolongado, pode atenuar<br />
esta característica e assim quanto menos escolarizado for o segmento social brasileiro<br />
mais simbólico ele tende a ser. Isto se explica pela moldura analítica da educação<br />
formal brasileira. Não é por acaso que as novelas, mini-séries e contos fazem extremo<br />
sucesso e transmitem ensino (seja ele qual for) à nossa população. Não é também por<br />
acaso que os professores mais bem sucedidos são aqueles que utilizam simbolismo<br />
(histórias, ilustrações, associações com a vida diária) para se comunicar. Da mesma<br />
forma os pregadores que mais interagem com o público utilizam um expediente<br />
freqüentemente simbólico nas explicações das Escrituras, facilitando a compreensão<br />
do valor, do conceito, bem como sua aplicação.<br />
Sociedades com forte presença de simbolismo dificilmente observam um valor a<br />
partir dele mesmo mas sim a partir dos fatos da vida.<br />
Em qualquer projeto de comunicação, sobretudo para a parcela da população<br />
brasileira menos influenciada pelo intelectualismo resultante da educação formal<br />
prolongada, é necessário e saudável a utilização intencional de simbolismo. Se<br />
desejamos comunicar bem e de maneira marcante precisamos nos tornar contadores<br />
217 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório