eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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continuaram a rejeitá-lo?”, questionavam outros relendo seus valores comunitários.<br />
Entendemos que seria muito bom que aquela mensagem fosse discutida e entendida<br />
culturalmente. Assim não nos apressamos a introduzir novos pontos. Por uma<br />
semana nada mais acrescentamos ao que fora falado.<br />
Dois pontos fracos na nossa comunicação eram os conceito graça e salvação 133 que<br />
não possuem correlativos na língua Limonkpel dos Konkombas daquela região, e<br />
necessitam de extensos provérbios que nem sempre comunicavam com precisão o<br />
significado expresso na Palavra.<br />
Após 2 semanas de conversas informais sobre o que já havia sido falado decidimos<br />
narrar-lhes a respeito da personalidade de Jesus, quem Ele é, e usamos o livro de<br />
Mateus por proporcionar uma ênfase em sua genealogia. Algumas perguntas, na<br />
época difíceis de serem respondidas, eram feitas a nós:<br />
— “É Jesus um de nossos ancestrais?”<br />
— “É Jesus um homem completo?”<br />
— “Não seria Ele um aninkpiin, espírito incorporado?”<br />
As respostas eram difíceis pois, para os Konkombas, ser um ancestral possui<br />
implicações humanas graves. Um ancestral é basicamente um homem que morre com<br />
certa idade, casou-se com pelo menos 2 mulheres e teve muitos filhos. Como “homem<br />
completo” (Uja) os Konkombas entendem aqueles que se casaram. Homens, mesmo<br />
que idosos, quando não casados são tidos culturalmente como “ubim” - crianças.<br />
Outra pergunta feita comumente era:<br />
— “Se Ele ressuscitou, não quer isto dizer que Deus voltou atrás no mantotiib, Seu<br />
plano de reconciliação?”<br />
Todas as respostas e discussões embaixo das árvores ou nas palhoças durante as<br />
noites eram conduzidas à luz de Mateus. Nesta altura porções de 17 capítulos estavam<br />
traduzidas e eram usadas para comunicar sobre a personalidade de “Yesu Kristu, Uja,<br />
Uwumbor aabu, Tindindaan unsanto tuon koko danya – Jesus Cristo, Homem<br />
completo, Filho de Deus, Senhor e reconciliador”.<br />
Eventualmente os Konkombas passaram a chamá-lo de “Uwumbor mantotiib”- o<br />
mantotiib de Deus, mas sentíamos que algo faltava para que houvesse uma<br />
comunicação aceitável.<br />
Neste momento aplicávamos o método antropológico de avaliação cultural<br />
(Antropos) que ainda estávamos desenvolvendo, que nos ajudava a perceber o quanto<br />
da mensagem era assimilada e qual o melhor caminho a seguir para fazê-la<br />
compreensível.<br />
133 Vários dialetos Konkombas não possuem correlativos abstratos aos termos neotestamentários gregos.<br />
Palavras como amor, perdão, fidelidade, graça e fé estão ausentes em vários dialetos.<br />
166 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório