eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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são aplicados para guiar o povo através dos conflitos diários. Um homem Chokossi<br />
uma vez falou-me: “vocês cristãos precisam aprender como falar mais acerca dos<br />
efeitos da salvação enquanto estamos vivos, pois já sabemos que no céu será tudo<br />
maravilhoso”. O primeiro resultado de uma comunicação não integral do evangelho<br />
para uma sociedade animista é que o impacto do mesmo será minimizado. E isto é<br />
perigoso, pois gera igrejas imaturas.<br />
Animistas não se baseiam em um sistema organizado de doutrinas e teologia, o que<br />
evidencia a ausência de uma teologia sistemática entre eles. Baseiam-se totalmente<br />
na experiência. Não há uma pessoa específica dizendo ter recebido uma mensagem<br />
diretamente de Deus para guiar o povo em sua vida moral e espiritual. Há evidências<br />
apenas de mensagens recebidas em alguns grupos mas de forma tão esporádica que<br />
não formam uma base coerente de valores teológicos. É também impossível, no<br />
animismo, apontar-se para um específico homem ou data quando a religião foi<br />
fundada. A implicação desta realidade para a comunicação do evangelho é que<br />
qualquer tentativa apologética para convencer a sociedade que Cristo é o caminho<br />
para Deus não terá um efeito profundo no grupo pois a verdade para eles não se<br />
baseia em evidências históricas mas sim em experiências diárias de vida. Como nós<br />
somos seres progressistas sensíveis, neste nosso mundo lógico e linear a apologética<br />
nos leva à fé. No mundo animista, o indivíduo compreende mas não acha que tem<br />
algo a ver com sua vida.<br />
Encontrar as perguntas certas é um desafio antropológico. E altamente necessário<br />
para que saibamos introduzir a resposta, de forma que faça sentido. A Dra. Francis<br />
Popovich afirma que a “ferramenta de respostas a qualquer religiosidade tem que ser<br />
a teologia bíblica”. 128<br />
Tomemos, por exemplo, o caso do pudor, já citado anteriormente, que surgiu no<br />
Éden. Depois de fazer a leitura cultural e descobrir a maneira do povo revelar este<br />
pudor e o que sentem de vazio na falta de comunhão gerada pela vergonha do<br />
encontro com o divino, o lado bom que eles conhecem, vem a tarefa difícil de traduzir<br />
a verdade dentro de seus conceitos e cultura. Bonhoeffer esclarece como a resposta<br />
tem de estar no conteúdo. Porém como será na linguagem deste povo? A resposta<br />
abaixo serviria para nós, mas como traduzi-la?<br />
“A superação do pudor só pode acontecer onde a unidade primitiva for<br />
restabelecida, onde o ser humano for novamente revestido por Deus no outro<br />
ser humano, pela ‘habitação celestial’, o tabernáculo de Deus (2 Co 5.2ss.). A<br />
128 Silva, Cácio. Fenomenologia da religião: Uma abordagem antropológica com aplicabilidade missionária.<br />
Viçosa: CEM, 2004.<br />
157 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório