eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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constantemente. Nas bordas dos círculos colocam-se todas as letras do alfabeto, e<br />
estas vão formando palavras. Quando interpretadas devidamente, dessas palavras<br />
sairão profecias.<br />
Conceitos Antropológicos de Comunicação<br />
Já discorremos, ainda que resumidamente, sobre o entendimento relativo ao sagrado<br />
e profano, tabus e assuntos pertinentes. Agora, no entanto, devemos enfatizar a<br />
necessidade de se observar, de acordo com os padrões de categorização social e<br />
religiosa, alguns conceitos antropológicos de comunicação. Usaremos o contexto<br />
animista como exemplo para tornar a aplicação mais clara.<br />
Chamarei de comunicação integral o ato de se transmitir uma mensagem de forma<br />
que a mesma possa manter a integridade de seu conteúdo original (planejado pelo<br />
transmissor) e ser compreendida, absorvida e traduzida para o contexto diário, por<br />
parte de quem a ouve (o receptor). De fato a aplicação do conhecimento para facilitar<br />
ou contextualizar a mensagem é um dos maiores desafios que enfrentamos. Vejamos,<br />
por exemplo, o conceito de sacrifício. Para a teologia cristã o sacrifício salvífico da<br />
pessoa de Cristo é resultado da graça impagável de Deus o qual, movido pelo amor,<br />
providencia uma forma de salvação do perdido. No mundo animista sacrifícios são<br />
imediatamente interpretados. Tanto os elementos quanto as motivações expiatórias.<br />
Neste caso a finalidade maior do sacrifício não é de redenção mas sim de controle.<br />
Aquele que faz uso do sacrifício, o beneficiado, o utiliza como uma forma de controle<br />
indireto da entidade espiritual a ele associado. Não obstante vermos, portanto, que<br />
em culturas africanas, por exemplo, os cristãos continuam crendo que através de<br />
‘sacrifícios voluntários’ como ofertas e abstinências, Deus se tornará ‘submisso’ à<br />
Igreja.<br />
É necessário, portanto, entender o mundo invisível do grupo estudado, sua maneira<br />
de ver e interpretar a vida e o universo, e também de absorver um valor comunicado.<br />
Observando grupos animistas, e suas sociedades ao redor do mundo, vemos que a<br />
religião está na raiz de cada cultura como um fator determinante dos princípios da<br />
vida. Sem exageros poderíamos afirmar que, na cosmovisão animista, religião é vida e<br />
vida é religião. De forma simples poderíamos definir animista como um povo no qual,<br />
em todas as coisas, é religioso. Ao estudar alguns grupos animistas já alcançados pelo<br />
evangelho com diferentes níveis de influência cristã comecei a entender que em<br />
muitas situações há um abismo de conceitos, interpretações e valores entre os<br />
conceitos cristãos e a forma tribal de entender religião gerando assim altas barreiras<br />
para o amadurecimento e crescimento da igreja. Uikiid, um cristão em Gana vindo de<br />
154 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório