eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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patas”. 123<br />
O profano é o anormal, é o ideal partido, incompleto.<br />
Em toda análise cultural a oposição entre puro e impuro é fundamental ao estudo e<br />
compreensão da estrutura social e pensamento humano. Na Índia é o fator definidor<br />
de castas, quer dizer, determinante das categorias sociais. No Israel antigo a idéia do<br />
sagrado e profano determinava a proximidade ou não de Deus. A pureza ritual, entre<br />
os muçulmanos, determina a aceitação ou não da prece. A pureza estética, entre os<br />
nobres ingleses do século XVIII, determinava sua aceitação na corte. Para os nazistas<br />
na década de 40 a purificação de raças era vista como necessária para alcançar a<br />
superioridade biológica. As idéias e movimentos humanos sempre caminharam na<br />
trilha da atração ou repulsa pelo sagrado e profano.<br />
Para Durkheim o sagrado é uma idéia que gera força social a fim de reduzir o mal.<br />
Mauss concordaria que a concepção do sagrado é, portanto, a identificação do mal. O<br />
sagrado é o elemento originador da conduta social. Como os homens não conseguem<br />
dar a si mesmos a salvação desejada tendem a admitir que uma força (ou várias) que<br />
se une ao sobrenatural consiga fazê-lo. Cria-se, assim, para Durkheim, o conceito de<br />
espíritos, deuses e deus. Neste caso os deuses, ou deus, seriam resultado da idéia, e<br />
necessidade, do sagrado.<br />
No consciente do homem religioso esta vida presente é uma ilusão e o sagrado o<br />
remete ao tempo mítico, eterno e real enquanto o culto é realizado no espaço<br />
consagrado que recria o espaço sagrado perdido, o espaço real. Desta forma podemos<br />
entender que os manipuladores do sagrado detêm o poder religioso.<br />
Eliade pressupõe que o sagrado está ligado ao homem primitivo, tradicional. Quanto<br />
mais primitivo (tradicional) maior religiosidade haverá na esfera social. “O homem<br />
moderno des-sacralizou o mundo e assumiu uma existência profana” 124 pois o<br />
sagrado era obstáculo à sua liberdade. Assim ele só se libertará quando matar o<br />
último deus, que é a moralidade. Em sua concepção o conceito de deus é distante pois<br />
o homem primitivo olha para o céu e o vê longe.<br />
Em termos de espaço podemos perceber que o “homem primitivo tem a tendência de<br />
viver no sagrado ou perto dele o mais possível... O universo tem lugares sagrados e<br />
profanos”. 125 Para o homem religioso há o tempo profano, contaminado, e o tempo<br />
123 Douglas, M. – The world of gods. Towards an Anthropology of consumption<br />
124 Eliade, Mircea. O sagrado e o profano: A essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Op. Cit.<br />
125 Idem.<br />
146 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório