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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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Afirma, de forma metafórica, que o totem é a bandeira de um clã. São símbolos que<br />

transcendem sua aparência e identidade objetiva apontando para um grupo humano.<br />

Classicamente conceitua-se totemismo como um conjunto de idéias e práticas que<br />

tem como base a crença na existência de um parentesco místico entre seres<br />

humanos e a natureza, como animais e plantas. O estudo do totemismo na<br />

antropologia cultural se dá a partir de uma percepção sócio-filosófica de clara<br />

interação entre o homem e natureza. Strauss defende que tal ligação é sentida e se<br />

passa no inconsciente do grupo 116.<br />

O clã Binaliib da etnia Konkomba de Gana, na África, por exemplo, sente-se histórica<br />

e socialmente ligado ao leopardo, fazendo com que o clã receba seu nome,<br />

compartilhe seu território de caça, creia que há uma explicação mística de tempos<br />

recuados para esta integração e sente-se ‘misturado’ ao perfil daquele animal, crendo<br />

que experimenta e compartilha sua força, resistência e velocidade.<br />

A partir desta ligação totêmica surgem tabus e normas. Por vezes leis. No caso<br />

Konkomba, o clã Binaliib não poderá caçar ou comer um leopardo. Não poderá<br />

também partilhar das mesmas presas que ele ou transitar com muita liberdade em<br />

seu território de caça. No caso extremo de ataques de leopardo de forma constante<br />

em uma área Binaliib, pede-se a um membro de outro clã que possa caçá-lo. As<br />

habilidades do leopardo são valorizadas entre os Binaliib. A velocidade e força são<br />

valores ensinados para as crianças como associados ao totem crendo que, aqueles que<br />

desenvolverem tais habilidades possuirão maior associação com o animal. Os velhos<br />

utilizavam a expressão ndjotiib (irmãos de sangue) quando se referiam aos leopardos.<br />

A força da vida e a associação dos elementos<br />

Apesar do totemismo ser popularmente apresentado desta forma, a partir de uma<br />

união mística entre homem e natureza, seu conceito é bem mais amplo e creio que se<br />

dá a partir da cosmovisão de um grupo em relação à vida. Tenho defendido que está<br />

especificamente ligado a cosmovisão de um povo em relação à força da vida.<br />

Goldenweiser concorda que os tabus quanto a caça e localização do grupo não podem<br />

ser apontados como a origem do totemismo, sendo mais seu desdobramento 117.<br />

Os grupos humanos, e de forma especial os animistas, possuem um claro conceito em<br />

relação à força da vida. Alguns a localizam em um deus, ou deuses, outros no próprio<br />

homem, na natureza, e ainda outros a julgam auto-existente. Desta forma<br />

pensaríamos que, nos grupos que aqui chamaremos de totêmicos, a religiosidade não<br />

está centrada no homem, na natureza ou nos espíritos mas sim na força da vida. A<br />

força que provê e regula a vida. Tudo o que é visível ou sentido a possui.<br />

Os Chakalis de Gana, totêmicos, crêem que o espírito que dá vida ao homem<br />

116 Strauss, Claude, 1908-. Totemismo hoje. 2.ed. -. São Paulo: Abril Cultural, 1980.181p.<br />

117 American Anthropologist. Oct 1912, Vol 14, No 4: 600<br />

137 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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