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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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Ritos expiatórios, de limpeza espiritual como penitências e sacrifícios pessoais ou<br />

comunitários. Eles expiam o mal já enraizado na sociedade como algum tipo de<br />

‘maldição’, pessoal, familiar, tribal, meio-ambiental. Os ritos expiatórios que mais me<br />

chamaram a atenção, de que tive conhecimento, foi entre o povo Chakali, em Gana.<br />

Estávamos numa “tabanca” (palhoça) e duas mulheres conversavam sobre certa<br />

pessoa e o ancião da casa se levantou e disse: “ti ui aken”, que significa literalmente “a<br />

cabaça quebrou”. As mulheres se calaram e saíram envergonhadas e mais ninguém<br />

dizia nada do assunto; curioso, fui atrás de uma resposta. Disseram-me, então, que<br />

não poderia se falar abertamente sobre o assunto, mas que explicariam para mim,<br />

sendo um novato. Quando uma pessoa comete um erro contra a comunidade e é<br />

punida, passa seis meses sem poder falar com ninguém e ninguém fala com ela.<br />

Passado o tempo, vendo se há uma postura humilde da pessoa, então o ancião<br />

daquela casa pega uma cabaça, na verdade é um jarro, cheia de água, vai até fora da<br />

aldeia, a quebra e a água é absorvida pela terra; a água nunca mais vai ser achada e<br />

simboliza o erro que a pessoa cometeu; isto é feito em nome de toda a comunidade e<br />

ninguém mais pode falar sobre o assunto. Não há, na verdade, nenhum termo, entre<br />

eles, para perdão, mas há o ato. Estamos atrás, não de termos, mas de idéias. É um<br />

ato expiatório.<br />

Ritos apotropaicos, afugentadores do mal que ronda a sociedade. Pode ser uma<br />

epidemia na comunidade vizinha, uma erupção vulcânica ou simplesmente uma fraca<br />

colheita. Este termo significa proteção contra o homem, mas na antropologia é<br />

designativo de defesas contra forças pessoais, espirituais ou mecânicas. A idéia é de<br />

que estão sendo perseguidos. Normalmente não acontecem dentro das aldeias. Em<br />

Cabo Verde tem a ilha do Fogo com seu vulcão e tem a ilha de Bravo onde fica a raiz<br />

do vulcão; neste sai uma fumacinha quando a ilha de Bravo treme. Quando o tremor<br />

era forte suficiente para amedrontar as crianças de mais de dez anos, então faziam<br />

um tipo de rito, em cada comunidade matavam galinhas do lado de fora, abriam um<br />

buraco no chão e jogavam ali o sangue, fechando o buraco; assim acreditavam<br />

amenizar as forças realizadoras do tremor.<br />

Ritos de purificação se assemelham levemente aos expiatórios, embora específicos<br />

para a purificação de algum elemento bom, que apenas foi contaminado. Os<br />

instrumentos de purificação, visíveis, normalmente são o fogo, água, sal e a<br />

abstinência. O pesquisador deve prestar bem atenção a estes ritos, como a purificação<br />

da criança quando nasce e assim por diante, pois vamos introduzir a teologia da<br />

purificação para a etnia que está sendo alcançada, dentro do espaço consciente aberto<br />

por sua cultura.<br />

Ritos de transição, propostos por Van Gennep, relatam as atitudes necessárias que<br />

134 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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