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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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egulador. Este talvez seja o principal motivo que a faça tão popularizada, temida e<br />

utilizada.<br />

Mitos<br />

Um aspecto muito valorizado na fenomenologia é o mito. Numa breve conceituação<br />

devemos dizer que o mesmo se distingue da história não por critérios de veracidade<br />

mas sim de forma. Não se refere, portanto, a uma historia contada mas sim a uma<br />

historia vivida. Nas palavras de Malinowski “é uma realidade viva, que se crê ter<br />

acontecido em tempos recuados e que continua a influenciar o mundo e os destinos<br />

humanos”. 110 Vemos, portanto, que o mito é de fato uma força cultural e de<br />

implicações sociais. Porém não é um elemento estático em sua cultura. Malinowski<br />

mais uma vez pontua que “o mito... é constantemente recriado; cada mudança<br />

histórica gera a sua mitologia, que, no entanto, apenas se relaciona indiretamente<br />

com o fato histórico. O mito é um constante derivado da fé viva, que carece de<br />

milagres; de estudo sociológico, que exige antecedentes; de norma moral, que requer<br />

sanção”. 111<br />

Ele, assim, nos apresenta a uma tese provável. Observo que a religiosidade de um<br />

povo, especialmente animista, é dinâmica e baseada sobretudo em sua mitologia.<br />

Porém pergunto-me, algumas vezes, se os mitos fundamentam a religiosidade ou se a<br />

religiosidade gerou os mitos. De certa forma mito e magia compartilham o mesmo<br />

valor utilitário. Enquanto a primeira se propõe a ser uma prática de manipulação da<br />

vida o segundo fundamenta as idéias, conceitos e crenças para que a vida faça<br />

sentido, sobretudo a religiosidade. As explicações da vida, da existência, dos poderes<br />

que regem o mundo, das enfermidades, certezas e incertezas, a dubialidade do<br />

universo, tudo pode ser encontrado, seus valores, na mitologia de um grupo quando a<br />

mesma é preservada e transmitida.<br />

Minha observação, sobretudo dos Konkombas de Gana, leva-me a pensar que há uma<br />

modulação entre o perfil étnico e a mitologia presente. Ou seja, a forma tradicional ou<br />

progressista, ética ou aética, mágica ou espiritualista, teófana ou naturalista, de um<br />

grupo coincide com os elementos em sua mitologia que fundamentam não apenas<br />

suas crenças mas seu perfil etno-social desde o agrupamento até a solução para os<br />

conflitos da vida. Sendo a mitologia dinâmica, possivelmente os representantes de<br />

um grupo com clara fundamentação em sua mitologia, não apenas se utilizaram dos<br />

mitos existentes mas criaram e recriaram estes e novos mitos a fim de que se<br />

encaixassem no perfil do povo e suprisse a sua expectativa. Desta forma a mitologia<br />

110 Malinowski, Bronislaw. Magia, ciência e religião. Lisboa: Edições 70, 1988.<br />

111 idem<br />

130 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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