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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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estringe aos elementos coletados ou ao indivíduo que os manipulará. Pode também<br />

abranger o local onde se desenvolverá o rito mágico, preparando-o de forma<br />

específica, e à própria pessoa que encomendou a magia ou comunidade que dela se<br />

beneficiará.<br />

O quarto elemento é o rito mágico. Este rito possui, em geral, uma forma estática de<br />

desenvolvimento. Possui uma ordem, um ‘trato’ específico nos elementos<br />

manipulados que não mudam. Se há atos de invocação estes também são sempre os<br />

mesmos. Desta forma os elementos de invocação como a música, instrumentos<br />

musicais, cânticos, dança, roupa e ornamentos, os elementos de processo como<br />

pedras, raízes, folhas e os elementos simpáticos como mechas de cabelo, unhas,<br />

roupas, água do banho etc., seguem um padrão preconcebido de coleta, preparo e<br />

rito. O rito mágico possui normalmente uma forma elaborada de se processar.<br />

Quando os Konkombas manipulam a água do rio onde uma pessoa se banhou a fim<br />

de causar-lhe mal, isto se dá em um ambiente preparado para esta finalidade, debaixo<br />

de uma árvore de Itooh de folhas frondosas, durante noite clara com boa lua, em<br />

lugar distante da comunidade onde os atos invocatórios não são ouvidos e o nome da<br />

pessoa alvo da magia é repetido diversas vezes de forma genérica (nome do seu clã),<br />

nunca da pessoa em particular. Portanto é claro apenas para poucas pessoas quem<br />

está sendo alvo daquela prática mágica. A água do rio, neste caso, é colocada dentro<br />

de uma cabaça e neste momento, após atos invocatórios e ‘arrumação’ dos elementos<br />

manipuláveis (água, cabaça, árvore frondosa, palavras, nomes etc) a mistura de terra<br />

com a água (que representa a força da vida) produziria obstáculo sobre sua vida,<br />

tornando aquela pessoa ‘pesada’, com movimentos curtos e mais lentos visto ser a<br />

terra mais pesada que a água. A mistura de sangue com a água produziria cortes,<br />

arranhões, infecções e até mesmo hemorragias. As vezes associado também a quedas<br />

e fraturas. A mistura de saliva com á água produziria relacionamentos partidos,<br />

enfermidades internas ou muito comumente incesto sendo que a saliva é a parte<br />

impura do corpo, que deve ser colocada para fora e não para dentro 109 .<br />

Estes elementos, e seus resultados, porém, podem conter ainda significados claros de<br />

associação (terra, sangue, saliva) ou simplesmente estarem cobertos pela tradição da<br />

prática mágica. Neste segundo caso são utilizados e cridos porém a associação<br />

original dada pelos pais já foi perdida. De toda forma é certo pensar que boa parte<br />

dos atos mágicos possuem, em sua origem, uma forma simpática (de associação e<br />

semelhança) com o alvo da magia. Em todo ato mágico, aberto ou fechado, seus<br />

participantes poderão apontar, portanto, os resultados esperados.<br />

109 Cultural identity and religious phenomenology – The impact of the gospel in a Konkomba worldview.<br />

Dissertação em Etnologia – 2001. <strong>Ronaldo</strong> Lidório<br />

126 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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