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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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conhecimento. Também se dedica, entre outras coisas, de forma especial à prática da<br />

magia, sendo procurado para tal pela comunidade. Pode ser identificado a partir da<br />

idade (o velho) ou de algum defeito físico permanente. Quanto maior o mistério a<br />

respeito do indivíduo que pratica a magia maior seu poder de encantamento perante<br />

a população. Por vezes pode estar associado a uma função na sociedade. Entre os<br />

Ashante 106 de Gana o guardião de cerimônias religiosas da família real é também o<br />

responsável pelo ato mágico. Entre os Konkombas os ‘mágicos’ são os que foram<br />

iniciados à esta arte, por escolha de outros que já a praticam.<br />

O terceiro elemento é a preparação. A magia, e o indivíduo que a pratica, demanda<br />

certa preparação específica. A escolha dos objetos, sua separação e preparo, bem<br />

como o preparo do próprio indivíduo, normalmente revendo seu conhecimento ou<br />

buscando entrar em transe a fim de potencializar sua habilidade, ou ainda através de<br />

invocações e jejum, são atos normalmente encontrados na prática da magia. Entre os<br />

Tariana do Alto Rio Negro a prática de magias de proteção tem início com a<br />

preparação dos elementos, de certas pedras, breu e folhas que são usados a fim de<br />

gerar fumaça que possa purificar e proteger as pessoas que passem por esta<br />

cerimônia. Pensando no perfil simpático (com base na semelhança) da magia é<br />

normal que os elementos separados, ou coletados, sejam próximos, semelhantes,<br />

parecidos, com aquele que é alvo da magia. O uso da fumaça está associada à<br />

purificação e proteção em atos mágicos, em diversas culturas, devido à sua forma<br />

fluida, disforme, semelhante ao espírito. Assim quando o Tariana a utiliza para<br />

benzer, proteger ou curar, uma certa criança que há muito está doente, a associação<br />

da fumaça com a vida, com seu espírito, é clara. Outros elementos também podem<br />

estar associados à força da vida e serem usados com este fim devido à sua<br />

semelhança. A água, terra, ar, fogo, fumaça, sopro, raiz e casca de árvores são os<br />

elementos mais comuns associados à força da vida. Estes são, portanto, elementos<br />

universais. Há também os elementos particulares. Neste caso a magia se dá através<br />

de representações que demandam algo que se pareça com o alvo mágico, de forma<br />

objetiva. Entre os Ewe de Gana uma mecha de cabelo é o elemento primordial para o<br />

preparo da magia, seja ela branca ou negra. Entre os Konkombas unhas e a água do<br />

rio onde alguém de banhou 107. Entre os Yanomami o rastro de alguém que por ali<br />

passou. Entre os Aborígines, as marcas da mão na terra, que são coletadas (a terra) e<br />

separadas para o ato mágico. Tais elementos passam por um ‘preparo’ que os<br />

espiritualiza. Passam a representar seus alvos (pessoas, famílias, comunidades,<br />

iniciativas como uma caçada, projetos sociais e assim por diante) e o ‘trato’ que lhes<br />

for dado resultará (causando assim efeito) no alvo 108 . O preparo, porém, não se<br />

106 Ver Evans-Pritchard, E. E. Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.<br />

107 Ver o artigo Religous Phenomenology among the Konkomba People of Ghana - <strong>Ronaldo</strong> Lidório<br />

108 Ver Esboço de uma teoria geral da magia, de Marcel Mauss, Edições 70.<br />

125 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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