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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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etapa do dia em que estão em atividade. O caçador deve também evitar comer<br />

carne de animais espantadiços, pois senão o veado se torna igualmente<br />

espantadiço. Por conseguinte, percebe-se a existência de uma outra classificação de<br />

animais em calmos e espantadiços” 101. Neste aspecto a magia é um ato organizado,<br />

intencional e utilitário.<br />

Compreender os conceitos sobre magia torna-se importante para analisarmos os<br />

processos mágicos. O conceito de magia deve ser compreendido como uma<br />

instituição baseada na crença da força sobrenatural regulada pela tradição de<br />

práticas, ritos e cerimônias que se apela para as forças ocultas e se procura<br />

alcançar o domínio do homem sobre a natureza. Já o perfil da magia nos mostra que<br />

a mesma em geral é impessoal, repetitiva, manipulável e tem implicações sociais<br />

sendo também cerimonial. Ela pode ser produzida ou simplesmente possuída ou<br />

comprada como um amuleto ou talismã 102.<br />

Em 1891 Codrington dissertou sobre o elemento invisível ‘Mana’ e o definiu como<br />

sendo “uma força impessoal que está sempre ligada a uma pessoa que dirige esta<br />

força” 103 . Mana, portanto, é provavelmente o melhor termo que temos<br />

antropologicamente para definir a enorme variedade de forças e poderes<br />

manipuláveis pelo homem e expressos através de distintos termos. Os iroqueses o<br />

designam de ‘wokonda’, os algonkis de ‘manitu’. Os pigmeus africanos de ‘megbe’ e os<br />

bantus de ‘ndoki’. Mana pode ser bom ou ruim, com graus distintos e variados de<br />

controle do homem sobre esta força. O ‘mana’ de uma lança, afirma Käser, “é definido<br />

pelo fato de ela atingir o alvo com maior freqüência do que outras lanças, ou porque<br />

ela mata peixes maiores” 104. Desta forma podemos concluir que o conceito de ‘mana’<br />

está na raiz do processo antropológico designado como magia, a manipulação de<br />

elementos (que são cobertos por ‘força’) impessoais de forma a causarem um efeito<br />

extraordinário. Portanto de certa forma a magia centraliza-se no homem e seus<br />

desejos o servindo.<br />

Os elementos da magia<br />

Pensemos sobre os elementos da magia. Alguns elementos claros irão ajudar-nos a<br />

identificá-la e analisá-la em sua forma apresentável.<br />

101<br />

Julio Melatti - Publicado em 1975 no Informativo FUNAI, ano IV, n° 14, pp. 13-20.<br />

102<br />

A diferença normalmente aceita entre amuleto e talismã é que o primeiro serve para afastar desgraças<br />

enquanto o segundo atrai a sorte.<br />

103<br />

Codrington, R. H. The Melanesians. Studies in their anthropology<br />

104<br />

Käser, Lothar. Diferentes culturas – Uma introdução à etnologia. Londrina: Descoberta, 2004.<br />

123 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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