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eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep

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eportou, mesmo que de forma embrionária, em sua obra “Civilização Primitiva”<br />

propondo o conceito da magia simpática, sempre ligada a semelhança entre os<br />

objetos manipulados. Frazer e Lehmann desenvolveram o tema defendendo que<br />

todos os ritos mágicos são simpáticos, com base na ligação (semelhança) entre o todo<br />

e a parte, entre o objeto manipulado e o alvo da magia. Lehmann chama nossa<br />

atenção para o fato da magia ser uma atribuição utilitária, ou seja, que possui objetivo<br />

específico e técnica também específica. Mauss faz uma diferença entre magia e ato<br />

religioso sugerindo que o segundo possui uma estrutura invocatória não condizente<br />

com magia.<br />

Como podemos, portanto, conceituar magia? Creio que são práticas, coordenadas por<br />

um indivíduo ou a partir dele, com manipulação de elementos naturais, não<br />

centralizada em invocação espiritual personificada, com base na crença de que tal<br />

manipulação, segundo determinada técnica ou coberta por certo poder poderá<br />

produzir, assim, o resultado esperado. Apesar da natureza da magia ser simpática,<br />

baseada nas semelhanças, na imagem do efeito/objeto a ser produzido, nem todas<br />

podem ser rotuladas dentro desta classificação 100 . Para fins aplicáveis estudaremos<br />

algumas categorias de magia como branca e negra, imitativa, alegórica e simpática.<br />

Devemos, porém, compreender que toda prática mágica advém da crença da<br />

existência de uma força que governa a vida, mesmo que parcialmente, e que é<br />

manipulável. Assim não nos convém distinguir de forma tão grave a magia do ato de<br />

culto como faz Mauss pois pode haver clara correlação entre estas diferentes práticas.<br />

Encontraremos cultos com atos mágicos e magia onde há invocação espiritual<br />

personalizada, manipulável. Parece-me que magia e culto compartilham da idéia de<br />

relação com o sobrenatural, mesmo que por vias distintas.<br />

O valor utilitário da magia<br />

É preciso termos em mente o valor utilitário da magia pois esta insere o homem no<br />

contexto das escolhas universais, ou seja, o torna co-participante das soluções dos<br />

problemas da vida. Desta forma, os grupos onde a prática de magia é acentuada e<br />

universalizada tendem a serem mais antropocêntricos e desenvolverem toda uma<br />

organização social, religiosa e mitológica com base no valor utilitário da crença.<br />

Melatti relata este valor utilitário quando nos diz que entre os Craôs “a magia que faz<br />

o caçador para matar veado campeiro nos mostra a presença de outros modos de<br />

classificar. Aquele que quer matar veado campeiro, só deve comer carne de animais<br />

que andam de dia e evitar a daqueles que entram em atividade à noite, pois o<br />

campeiro anda durante o dia. Há, pois, uma classificação de animais segundo a<br />

100 Ver Radcliffe-Brown, A. R. Structure and Function in Primitive Society, London: Cohen and West, 1952.<br />

122 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório

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