eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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assegurando o conteúdo da mensagem transmitida. Aqui está um ponto de claro<br />
equívoco daqueles que se contrapõe à contextualização da mensagem com receio de<br />
que seu conteúdo seja distorcido. A não contextualização, ou má contextualização é<br />
que certamente provocará a distorção. Desta forma, evitando a contextualização, o<br />
agente transmissor da mensagem (imaginemos o missionário, um professor ou um<br />
pregador) sairá da sala de aula com um sentimento de que foi fiel à raiz daquilo que<br />
tencionou transmitir. Porém será um sentimento equivocado pois na mente daqueles<br />
que ouviram tal mensagem, enviada apenas com os códigos transmissores, será,<br />
certamente, interpretada da maneira mais estranha possível.<br />
Seria o equivalente a, simplesmente afirmarmos, usando puramente nossos códigos<br />
transmissores, que “Yesu ye uja”, “Jesus é homem”. A pergunta, talvez silenciosa, que<br />
nos aguardará é quem é sua esposa e seus filhos, e onde está sua roça.<br />
Como desejávamos comunicar a Palavra de Deus de forma fiel nos debruçamos no<br />
estudo da cultura e parte deste estudo nos levaria às categorizações humanas. Ali (nos<br />
códigos socioculturais Konkombas) fomos descobrir que há diversas formas<br />
atribuídas ao “uja”, uma delas, o “ujabor” que define o homem a partir de seu status<br />
de envio e não de casamento. Um mensageiro, mesmo solteiro, enviado com uma<br />
grande mensagem, poderia conviver com o povo Konkomba como “ujabor”. Ao<br />
comunicarmos Cristo como “ujabor” e “Uwumbor abor” – homem e filho de Deus –<br />
utilizávamos o código do povo na fonte, para comunicarmos algo que não<br />
desejávamos que fosse mal compreendido. Houve boa compreensão e base para o<br />
ensino que viria depois.<br />
O relacionamento entre-códigos em um segundo momento, quando uma mensagem<br />
nova é transmitida, é um assunto também que nos interessa (quando um grupo<br />
socioculturalmente definido passa a reconstruir alguns de seus códigos – lingüística e<br />
culturalmente - a partir de novas informações recebidas) porém, por não ser essencial<br />
para a exposição do presente método deixaremos para uma próxima oportunidade.<br />
Ensino normativo e capacitação<br />
Façamos, inicialmente, uma diferenciação entre ensino normativo e capacitação. O<br />
ensino normativo objetiva a transmissão de conhecimento e habilidade de<br />
reconhecimento, bem como assimilação de valores. A capacitação visa aplicar este<br />
conhecimento em determinado contexto e circunstância, fornecendo, assim, um guia<br />
de interpretação e aplicabilidade em sua área alvo de estudo. Este livro, portanto,<br />
oriundo das capacitações antropológicas, objetiva fomentar o uso da <strong>Antropologia</strong><br />
como instrumento aplicativo na dinâmica da evangelização. Tanto provendo<br />
12 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório