eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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O que propomos aqui, de forma ilustrativa, é decodificar a sociedade que há de<br />
receber nossa mensagem e utilizar tais códigos para traduzir tal mensagem antes de<br />
ser enviada. Chegará de forma clara, compreensível e aplicável. O trabalho, portanto,<br />
é feito na fonte, ou seja, por aquele que pretende transmiti-la.<br />
O método Antropos, de certa forma, está centrado em uma base teórica de busca dos<br />
códigos receptores para o manuseio da mensagem a ser transmitida, vestindo-a de tal<br />
forma que chegue bem ao que a recebe, mantendo seu conteúdo mas decoficando-a<br />
na fonte.<br />
Um exemplo para podermos ilustrar de forma geral o conceito. Entre os Konkombas<br />
de Gana, a expressão “uja” significa homem. Usado, porém, não para definir o gênero<br />
masculino mas sim uma posição social, aquele que é casado, possui uma roça e possui<br />
filhos. Os que não são “uja” são ainda “ubo”, que traduzimos por crianças, mas<br />
literalmente seriam crianças, adolescentes e jovens. No código lingüístico e<br />
sociocultural Konkomba, portanto, não é possível ser um “uja”, aceito pelos<br />
“ujaman”, homens da tribo, sem que se possua esposa e filhos, o que obviamente<br />
discrimina terrivelmente aqueles nesta situação. Ao apresentarmos Jesus Cristo<br />
precisamos pesar os códigos de comunicação.<br />
Nosso código sociocultural prevê e aceita um “homem”, ou seja, um ser masculino<br />
parte da sociedade adulta de um grupo, como sendo alguém solteiro, sem filhos e sem<br />
roça. Nossa medição se dá tão somente pela idade, apesar de que “homem” em<br />
Português possua significado mais extenso, para os quais acrescentamos outros<br />
códigos, como “homem de verdade”, por exemplo.<br />
Para comunicarmos o significa de “homem” referindo-se a Cristo para um<br />
Konkomba, teríamos assim algumas possibilidades. Uma delas é comunicar em nosso<br />
código, ou seja, usando a expressão “uja” para Cristo, e explicar-lhes nosso código, ou<br />
mesmo o código utilizado socioculturalmente na tradição histórica bíblica. Quem era<br />
um homem para um judeu, quem é um homem para um brasileiro. Com isto nós<br />
oferecemos os códigos como chave para que possam nos entender. Os resultando são<br />
obviamente pífios visto que nem sempre há um interesse forte o suficiente do<br />
receptor para compreender a mensagem transmitida. Também tais códigos, tão<br />
comuns para nós, certamente soam estranho ao ouvido de quem os recebe em um<br />
primeiro momento.<br />
Se utilizarmos seus próprios códigos, porém, para vestir nossa mensagem e<br />
transmiti-la de forma que faça sentido, estaremos assim facilitando a comunicação<br />
(transmissão de mensagem, interpretação e associação) bem como estaremos<br />
11 <strong>eBook</strong> – <strong>Antropologia</strong> <strong>Missionária</strong> – <strong>Ronaldo</strong> A Lidório