eBook - Antropologia Missionária - Ronaldo Lidorio - Juvep
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A observação Analítica Tem início na observação passiva de fatos e fenômenos religiosos dentro de um ambiente humano definido. Prevê a observação a partir da cultura objetiva, ou seja, utilizando-se os elementos lingüísticos e culturais para coletar a informação de maneira completa, sistematizada e intuitiva. Piazza refere-se à observação como um meio de medição de valores partindo do pressuposto de que devemos observar toda experiência que transmita conhecimento. Neste caso o ato de soprar 96 a folha de caranã na maloca Hupdah com propósitos de proteção e preservação da moradia torna-se, em si, um fenômeno a ser observado de forma sistemática (procurando paralelismos tanto em outras culturas que cultivam o ‘sopro’ quanto em outros atos de ‘soprar’ na mesma cultura). A intenção aqui é observá-lo e depois, a partir dele observar outros fenômenos de ‘sopro’ paralelos e analisá-los historicamente. Neste caso, vejamos algumas perguntas da abordagem analítica deste fenômeno, como exemplificação: Quem realiza o ato de soprar? Crianças sopram? Pessoas de outra cultura podem soprar? Em que condições o sopro é realizado? Está ligado a um individuo ou comunidade? Há um código invisível? Qual o resultado esperado? Qual eu mecanismo de funcionamento? Quais os termos lingüísticos ao redor do ato? Como dialogam ao descrever ou mencionar o ato de soprar? A proposta desta observação é analisar um ato social ou fenômeno religioso dirigindo a ele perguntas sistemáticas que poderão elucidar seu conteúdo, operacionalidade, mecanismo e intenção. A observação Axiomática Intenta compreender os reais valores dos elementos religiosos no mundo do aquém e não apenas suas formas de expressão. Portanto um sacrifício pode indicar medo ou proteção e são estes elementos subjetivos, medo ou proteção, a serem estudados no padrão axiomático. Voltando ao “sopro” Hupdah, faríamos as seguintes perguntas da abordagem dos valores: Qual a idéia atrás do sopro? A comunidade perde o equilíbrio espiritual que precisa de renovo, através do sopro? Este ato pode ser substituído por outro também utilizado na cultura? É complementar a outro, como o benzimento? Há manipulação de uma força impessoal ou é espiritualista, com interação com seres pessoais invisíveis? Os sentimentos ligados ao sopro são sempre iguais ou alternam de 96 Marcelo Carvalho nos explica que há um sopro natural e um mágico no universo Hupdah. O natural é puhut, o ato de soprar, e o mágico é döh para causar um efeito sobrenatural. 104 eBook – Antropologia Missionária – Ronaldo A Lidório
circunstância a circunstância? Nesta observação buscaremos o valor ou idéia por trás de cada ato social ou fenômeno religioso fundamental para nosso estudo. A observação Correlativa Tem a missão de, após analisar e também identificar os valores causadores das práticas sociais e religiosas, ligá-los às perguntas que os levaram a existir. Ou seja, correlacionar tais valores às perguntas sociais que geraram as práticas desenvolvidas. Boa parte desta abordagem é realizada a partir do conhecimento mitológico do grupo, que é normalmente causal. Continuemos nossa exemplificação com o “sopro” Hupdah. Neste caso faríamos as seguintes perguntas: Quais as causas sociais que motivam o ato de soprar? Qual a origem deste ato? O sopro seria uma solução interna para quais problemas? Que contos ou mitos o relatam? A que, ou quem, está associado? Estas perguntas já demandam um estudo mais prolongado e sugiro que você leia o texto a seguir sobre mitos com atenção ligando-o a esta observação, correlativa. O objetivo nesta observação é identificar quais problemas o sopro se propõe a responder e em quais se omite, correlacionando-o com suas raízes mitológicas. A observação Explicativa Visa o desenvolvimento de respostas teológicas às perguntas realizadas através de tais atos sociais e fenômenos religiosos. O evangelho (e veremos de forma mais aprofundada na terceira abordagem, Angelos) deve ser apresentado como a proposta de Deus (supracultural e atemporal) para todo homem em toda cultura em todas as gerações. É, portanto, essencial, que compreendamos as perguntas antes de respondê-las sob risco de anunciarmos um evangelho alienígena, que trata dos conflitos humanos e sociais nossos e não daqueles que o recebem. As perguntas da observação explicativa sobre o “sopro” Hupdah poderiam ser: É um fenômeno religioso ou um ato puramente social? Há invocação espiritual (seres pessoais)? Caso positivo, que seres são invocados? Neste caso, o que a Bíblia fala a respeito de tal invocação? Há manipulação de elementos naturais (magia)? Neste caso, o que a Bíblia fala a respeito da magia? Está associado a fenômenos religiosos centrais como o benzimento? Neste caso seria possível prever o sopro como uma 105 eBook – Antropologia Missionária – Ronaldo A Lidório
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circunstância a circunstância?<br />
Nesta observação buscaremos o valor ou idéia por trás de cada ato social ou<br />
fenômeno religioso fundamental para nosso estudo.<br />
A observação Correlativa<br />
Tem a missão de, após analisar e também identificar os valores causadores das<br />
práticas sociais e religiosas, ligá-los às perguntas que os levaram a existir. Ou seja,<br />
correlacionar tais valores às perguntas sociais que geraram as práticas desenvolvidas.<br />
Boa parte desta abordagem é realizada a partir do conhecimento mitológico do grupo,<br />
que é normalmente causal.<br />
Continuemos nossa exemplificação com o “sopro” Hupdah. Neste caso faríamos as<br />
seguintes perguntas: Quais as causas sociais que motivam o ato de soprar? Qual a<br />
origem deste ato? O sopro seria uma solução interna para quais problemas? Que<br />
contos ou mitos o relatam? A que, ou quem, está associado?<br />
Estas perguntas já demandam um estudo mais prolongado e sugiro que você leia o<br />
texto a seguir sobre mitos com atenção ligando-o a esta observação, correlativa.<br />
O objetivo nesta observação é identificar quais problemas o sopro se propõe a<br />
responder e em quais se omite, correlacionando-o com suas raízes mitológicas.<br />
A observação Explicativa<br />
Visa o desenvolvimento de respostas teológicas às perguntas realizadas através de tais<br />
atos sociais e fenômenos religiosos. O evangelho (e veremos de forma mais<br />
aprofundada na terceira abordagem, Angelos) deve ser apresentado como a proposta<br />
de Deus (supracultural e atemporal) para todo homem em toda cultura em todas as<br />
gerações. É, portanto, essencial, que compreendamos as perguntas antes de<br />
respondê-las sob risco de anunciarmos um evangelho alienígena, que trata dos<br />
conflitos humanos e sociais nossos e não daqueles que o recebem.<br />
As perguntas da observação explicativa sobre o “sopro” Hupdah poderiam ser: É um<br />
fenômeno religioso ou um ato puramente social? Há invocação espiritual (seres<br />
pessoais)? Caso positivo, que seres são invocados? Neste caso, o que a Bíblia fala a<br />
respeito de tal invocação? Há manipulação de elementos naturais (magia)? Neste<br />
caso, o que a Bíblia fala a respeito da magia? Está associado a fenômenos religiosos<br />
centrais como o benzimento? Neste caso seria possível prever o sopro como uma<br />
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