letramento acadêmico: principais abordagens sobre a ... - ICHS/UFOP
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livro didático – nessa perspectiva, o aluno só precisa saber decodificar as palavras que estão<br />
impressas no texto para responder às perguntas.<br />
Em relação aos alunos oriundos de escolas públicas que ingressam em universidades<br />
particulares, submetidos ao modelo autônomo de <strong>letramento</strong>, não é de se estranhar que<br />
apresentem dificuldades quando as disciplinas que compõem os cursos requisitam deles<br />
habilidades de leitura e escrita supostamente desenvolvidas no ensino fundamental. Porém,<br />
não é possível considerá-los sujeitos “iletrados”, pois, em alguma medida, têm uma relação de<br />
uso com a escrita, só que voltada para as práticas escolares do ensino fundamental e médio, e<br />
não para atuar no contexto <strong>acadêmico</strong>, prática na qual deverão ser inseridos, como veremos<br />
posteriormente.<br />
2.2. Modelo ideológico de <strong>letramento</strong><br />
O modelo ideológico concebe o <strong>letramento</strong> como uma prática social, e não como uma<br />
habilidade técnica ou neutra. Desse modo, o <strong>letramento</strong> não se desvincula do contexto cultural<br />
e social no qual é construído, bem como do significado que as pessoas atribuem à escrita e das<br />
relações de poder que regem os seus usos, de modo que a junção desses fatores resulta em<br />
<strong>letramento</strong>s múltiplos que variam de comunidade para comunidade, por conta das condições<br />
socioeconômicas, culturais e políticas que as influenciam (cf. TERZI, 2006; STREET, 2003).<br />
Terzi (2006, p. 5) aponta que, na prática, a opção pelo modelo ideológico de<br />
<strong>letramento</strong> exige<br />
não apenas ensinar aos alunos a tecnologia da escrita, ou seja, promover a<br />
alfabetização, mas, simultaneamente, oferecer-lhes a oportunidade de entender as<br />
situações sociais de interação que têm o texto escrito como parte constitutiva e as<br />
significações que essa interação tem para a comunidade local e que pode ter para<br />
outras comunidades. Em suma, significa ensinar o aluno a usar a escrita em<br />
situações do cotidiano como cidadão crítico (TERZI, 2006, p. 5)<br />
e, além disso, mostrar ao aluno que a linguagem só existe na escola porque também é<br />
elemento constitutivo das mais variadas esferas sociais (religiosa, publicitária, jornalística,<br />
acadêmica etc.), que, por sua vez, fazem usos específicos da escrita.<br />
Com base nessa concepção ideológica do <strong>letramento</strong>, entende-se que a universidade é<br />
formada por diversas práticas sociais, nas quais professores e alunos, sujeitos letrados,<br />
revelam as relações de uso que estabelecem com a escrita e abrem espaço para que novas<br />
relações sejam construídas a partir das necessidades de interação desse domínio.<br />
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