Livro de Enredos 2011 - Liesa

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13.04.2013 Views

68 Carnaval 2011 a fatalidade e, por isso, sua poesia é marcada pela melancolia. Compunha com intensa paixão para os solitários dos bares, para as mulheres sem alma, para os errantes e plebeus da noite. Apresentamos também o boêmio de um profissionalismo um tanto ou quanto estranho, pois era capaz de pagar com músicas as compras de comestíveis para sua casa. Portanto, saibam todos que alguns dos parceiros desconhecidos, cujos nomes aparecem em suas músicas, são, na verdade, pequenos comerciantes ou feirantes e fornecedores de gêneros alimentícios para sua família. Quando estava sem dinheiro, ia até a Praça Tiradentes e vendia o produto que melhor sabia fazer, seus sambas. César Brasil, um de seus “parceiros”, era gerente de um velho hotel, no Centro do Rio de Janeiro, e incapaz de compor um verso ou de tocar uma nota, em qualquer instrumento, mas entrou para a história como um dos autores de um dos mais belos samba do gênio: “Degraus da vida”. Foi na Praça Tiradentes, também, que conheceu Lygia. Uma mulher sem teto e que se tornara sua companheira de copo. Nelson a considerava tanto que tatuou seu nome no braço. Muitos o criticaram por isso, então, compôs: “Muita gente tem o corpo tão bonito e a alma toda tatuada” (Tatuagem). Enfim, apresentamos Nelson Cavaquinho ao grand complet, chamando atenção, naturalmente, para o grande caso de amor entre ele e a Mangueira, um caso que o grande compositor fazia questão de tornar público. Agora, o morro

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira que ele tanto subiu é que desce para exaltar sua vida e sua obra. E cada componente da nossa escola vai viver intensamente a sua vida, beber da sua obra e louvar a sua alma boêmia. Seremos uma só voz! Empunhando uma só bandeira! Estação Primeira de Mangueira, com muita emoção e garra, anuncia por quem dobram os surdos de primeira. Na manhã do dia 18 de fevereiro de 1986, aos 75 anos, morreu o homem, mas o poeta vive! Então vem, Nelson! Vem receber as “flores em vida”! Você, que sempre fora um Filho Fiel, a Mangueira o chama mais uma vez! E agora é para sempre, por que de hoje em diante, nunca mais você será chamado de saudade. …Mas depois que o tempo passar, sei que ninguém vai se lembrar que eu fui embora (Quando eu me chamar saudade) Quando eu piso em folhas secas Caídas de uma mangueira Penso na minha escola… (Folhas secas) Em Mangueira Quando morre um poeta todos choram Vivo tranqüilo em Mangueira porque sei Que alguém há de chorar quando eu morrer (Pranto de um poeta) Finjo-me alegre, pro meu pranto ninguém ver Feliz àquele que sabe sofrer (Rugas) 69

G.R.E.S. Estação Primeira <strong>de</strong> Mangueira<br />

que ele tanto subiu é que <strong>de</strong>sce para exaltar sua vida e sua<br />

obra. E cada componente da nossa escola vai viver<br />

intensamente a sua vida, beber da sua obra e louvar a sua<br />

alma boêmia. Seremos uma só voz! Empunhando uma só<br />

ban<strong>de</strong>ira! Estação Primeira <strong>de</strong> Mangueira, com muita<br />

emoção e garra, anuncia por quem dobram os surdos <strong>de</strong><br />

primeira.<br />

Na manhã do dia 18 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1986, aos 75 anos,<br />

morreu o homem, mas o poeta vive! Então vem, Nelson!<br />

Vem receber as “flores em vida”! Você, que sempre fora um<br />

Filho Fiel, a Mangueira o chama mais uma vez! E agora é<br />

para sempre, por que <strong>de</strong> hoje em diante, nunca mais você<br />

será chamado <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>.<br />

…Mas <strong>de</strong>pois que o tempo passar,<br />

sei que ninguém vai se lembrar que eu fui embora<br />

(Quando eu me chamar sauda<strong>de</strong>)<br />

Quando eu piso em folhas secas<br />

Caídas <strong>de</strong> uma mangueira<br />

Penso na minha escola…<br />

(Folhas secas)<br />

Em Mangueira<br />

Quando morre um poeta todos choram<br />

Vivo tranqüilo em Mangueira porque sei<br />

Que alguém há <strong>de</strong> chorar quando eu morrer<br />

(Pranto <strong>de</strong> um poeta)<br />

Finjo-me alegre, pro meu pranto ninguém ver Feliz àquele<br />

que sabe sofrer<br />

(Rugas)<br />

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