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Tese Lidia Nazaré - UFF

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“se não estivesse plenamente seguro de mim e se o meu lugar em todos os<br />

grandes teatros de variedades do mundo civilizado não tivesse se firmado a ponto de se<br />

tornar inabalável”. Duas leituras aqui:<br />

Primeira, a partir da linguagem representativa. Apesar da “linha de orientação”<br />

ser insignificante – não ter valor algum para ele - o seu valor de moeda já se estabeleceu<br />

em qualquer lugar que ele esteja. Por isso ele está “plenamente seguro” – mas não está,<br />

como veremos logo mais a frente - de ser compreendido, já que o Sistema de<br />

representação é organizado a partir desta linguagem – a gestual (?) - que ele utilizará<br />

para o seu “relato”. Ele vai falar.<br />

Segunda, a partir da linguagem poética. Apesar da “linha de orientação” ser in-<br />

significante – não significar devido ao fato de ele escoar os sentidos dos termos – , ele<br />

vai falar. Ele não falaria se “não estivesse plenamente seguro de [si]” e se o lugar dele<br />

“em todos os grandes teatros de variedades do mundo civilizado não tivesse se firmado<br />

a ponto de se tornar inabalável”.<br />

Quando lemos o seu texto nada vemos de seguro, nem na linguagem<br />

representativa nem na linguagem gestual. Pelo contrário, é uma linguagem repleta de<br />

gagueiras assinaladas pelas repetições e de rumor assinalado pelas oscilações. Se a<br />

condição para ele falar é estar “plenamente seguro” e ter seu lugar garantido, etc, vê-se<br />

que ele nada vai falar. E, de fato, ele falou nadas: Ele não está plenamente seguro,<br />

porque a palavra “plena” que ele deseja, mente, naquele contexto, já que, enquanto<br />

palavra “franca” ela nada pode acrescentar àquele grupo, uma vez que é “in-<br />

significante.” Ele já o disse. Sendo assim, esta palavra não tem seu lugar garantido no<br />

mundo civilizado, não se firmou ainda e jamais será inabalável, porque sua palavra<br />

plena, enquanto produto de uma construção alegórica, “mente”. Em caso da linguagem<br />

gestual, igualmente. O seu gesto de apertar a mão não tem um significado à priori.<br />

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