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Tese Lidia Nazaré - UFF

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“– ainda assim devo mostrar a linha de orientação pela qual um ex-macaco<br />

entrou no mundo dos homens e aí se estabeleceu”. Mesmo impossibilitado ele vai<br />

mostrar pelo menos a “linha de orientação”. Esta linha sugere a escrita tradicional:<br />

linear, homogênea e monológica e a colonização dos gestos. A mesma linha com que se<br />

escreve o discurso da História. Ele não deseja repeti-la, mas precisa mostrar o modo<br />

como ele se transformou em homem. Contudo esta “linha de orientação” sugere também<br />

desgaste da escrita tradicional e, dos gestos colonizados.<br />

Neste caso, da escrita tradicional, ela vai utilizar somente uma “linha de<br />

orientação”, sobre a qual construirá o seu relato em “palavra-franca”/ “escrita gestual”.<br />

Esta “linha de orientação”, a escritura, o sulco do significado, sugere ainda uma forma<br />

de conduzir o leitor a fim de que ele encontre no texto “a palavra franca” e trará à tona<br />

os gestos com os quais ele foi amestrado. Serão dois textos: escrita em si e fora de si,<br />

como em Clarice Lispector.<br />

“Mas sem dúvida não poderia dizer nem a insignificância que se segue,”. A<br />

palavra “insignificância” deve ser lida na perspectiva de “Pedro Vermelho” e na dos<br />

acadêmicos. No primeiro caso faz ver que a palavra repetida, designada, forjada, não<br />

significa, não se pode comunicar com ela. A literalidade é explorada acenando para o<br />

fato de que o simbólico maquia a verdade. No segundo caso faz ver que o relato será<br />

menor, sem valor. Afinal que interesse pode ter num relato desta natureza para membros<br />

de uma academia? Atenuando o valor do relato ele desarma os membros, ludibria seus<br />

pensamentos e pode gaguejar a sua palavra franca. Aliás, a gagueira sugere àqueles que<br />

dominam a língua uma incompetência do falante. No caso de Pedro Vermelho, eles<br />

entenderiam que ele ainda não aprendeu bem os traquejos da linguagem.<br />

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