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“Não ensinará nada essencialmente novo à Academia e ficará muito aquém do<br />
que se exigiu de mim e daquilo que, mesmo com a maior boa vontade, eu não posso<br />
dizer”. Esta “palavra franca”, essencial não ensinará “nada essencialmente novo” à<br />
Academia, porque neste ambiente ela não tem um significado específico, ela significa<br />
por si mesma, trata-se de uma linguagem na sua natureza selvagem, que nada diz a<br />
menos que seja abordada por outros sentidos.<br />
Se abrirmos uma cena de ironia no texto ela não ensinará nada “essencialmente<br />
novo” porque já existe um consenso entre eles quanto ao significado das palavras, tanto<br />
é assim que ele só tem o poder de acrescentar a “palavra franca” àquele grupo – na<br />
perspectiva daquele grupo - porque ele já faz parte dele. Responde aos seus comandos.<br />
Ele não precisa fazer nada, porque tudo o que fizer ganhará um sentido imediato. É só<br />
alguém dizer que o gesto significa aquilo e pronto. O fato da palavra “franca” ficar<br />
muito “aquém” do que se exigiu dele fica explicado na redução que ele fez na palavra<br />
inicial “testemunho de franqueza” ao optar pelo seu radical “palavra franca”.<br />
Se eu abrir aqui uma segunda cena de ironia este “aquém” está sendo dito na<br />
perspectiva daqueles senhores. Na dele o termo significa o oposto do que ele usou, ou<br />
seja, além. Neste caso ele acena para a contingência da palavra representativa,<br />
alegoricamente, neste ponto a partir do qual ele a manipula e faz ver que para aqueles<br />
membros só é válido o que gira em torno de sua linguagem instrumental.<br />
Mas o que ele não pode dizer?<br />
O que ocorreu com ele numa “palavra franca”. A vida anterior dele necessita ser<br />
abordada por uma linguagem anterior: “palavra franca”. E esta palavra não pode ser dita<br />
“eu não posso dizer”, já que não é representável pelo simbólico. Está na ordem do<br />
inominável.<br />
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