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utilizá-la no sentido “mais restrito” motivo que o leva a fazê-lo “até” com grande<br />
alegria. A ênfase no “até” faz ver que se não fosse no sentido “mais restrito” ele, talvez,<br />
não respondesse às indagações. Mas “sentido restrito” significa para a academia sentido<br />
objetivo, e para ele, sentido literal.<br />
No advérbio de dúvida ele diz aos “senhores da Academia”, na perspectiva<br />
deles, que está inseguro, ou seja: não está confortável em ter que comunicar-se<br />
objetivamente. Este desconforto massageia o ego daqueles senhores, como se sua<br />
linguagem fosse plena e, por isso mesmo, impossível de ser bem utilizada. Massageia-<br />
lhes o ego também, porque funciona como um pedido de desculpas antecipado. Para o<br />
seu leitor ele dá uma piscadela, a fim de fornecer-lhe uma orientação de sua escrita, ou<br />
seja: ele vai trabalhar nas bordas dos sentidos, por isso está inseguro. Note que este<br />
termo focalizado por ele tem significado distinto do que lhe damos comumente.<br />
“A primeira coisa que aprendi foi dar um aperto de mão; o aperto de mão é<br />
testemunho de franqueza; possa eu hoje, quando estou no auge da minha carreira,<br />
acrescentar àquele primeiro aperto de mão a palavra franca” (UMR, p.60). Note o<br />
engasgamento no “aperto de mão”, marcado pela repetição. A insegurança narrada e<br />
focalizada está aí. Engasgamento que me faz deter em seus detalhes, porque sugere uma<br />
impossibilidade da linguagem, ou seja “um balbucio”. Para Barthes (2004b) o balbucio<br />
é uma mensagem duas vezes malograda: por uma parte compreende-se mal; mas, por<br />
outro, com esforço, chega-se a compreender apesar de tudo. Ele não está<br />
verdadeiramente nem na língua nem fora dela: é um ruído de linguagem comparável à<br />
seqüência dos golpes pelos quais um motor dá a entender que está mal de saúde: é este<br />
precisamente o sentido da falha do motor, sinal sonoro de um revés que se perfila no<br />
funcionamento do objeto. O engasgamento (do motor ou do sujeito) é em suma um<br />
medo: tenho medo de que a máquina possa vir a parar (BARTHES, 2004b, p. 93).<br />
Este balbucio torna complexa a escritura. A primeira coisa que ele aprendeu,<br />
quando? Antes ou após a sua captura? Não sei. Logo após o primeiro “aperto de mão”<br />
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