13.04.2013 Views

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

No capítulo I intitulado “Do literário ao literal, a travessia do oposto”, procurarei<br />

demonstrar a partir da análise do conto “Amor”, de Laços de família (1960) e do<br />

romance A paixão segundo G.H. (1964), que a linguagem de Clarice Lispector<br />

apresenta três movimentos: a escrita fora de si, a escrita em si e a escrita de si. Esses três<br />

movimentos é que lhe confere um aspecto alegórico que possibilita movimentação da<br />

escrita e das personagens. Na organização desta urdidura, a linguagem é iniciada de<br />

forma mais literária, escrita fora de si. Nesta forma, ela apresenta pontos cegos que<br />

podem ser reconhecidos em cenas sem sentido. Estas cenas por sua vez podem ser<br />

ressensibilizadas a partir de outra linguagem que entrecorta a literária, escrita em si, e<br />

que, inicialmente é difícil de ser percebida. Paralelamente a este movimento acontece a<br />

travessia das personagens Ana, do conto e G.H., do romance. Quem ilumina a vida de<br />

Ana é um narrador que narra e focaliza, já a vida de G.H. é narrada e focalizada por ela<br />

mesma. Em ambos os casos o que é narrado/focalizado é a travessia do amor fusional<br />

para um amor sem reciprocidade e, conseqüentemente de um “eu” genderizado para um<br />

“eu” adâmico.<br />

No capítulo II intitulado “O nascimento e o resguardo da palavra adâmica de<br />

Clarice Lispector e Franz Kafka”, procurarei demonstrar que a linguagem instrumental<br />

resultante do trabalho com a palavra racionalizada é limitada em sua função<br />

representativa. Os escritores partem desta linguagem e vão purificando-a até deixá-la<br />

em condição de escritura. Nesta condição eles criam para ela novos sentidos, só que<br />

provisórios. Noutras horas eles conservam-na em condição de sopro, acenando com isso<br />

para o fato de que o discurso não sendo natural está marcado pelas ideologias dos<br />

Sistemas de representação que os organizam.<br />

33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!