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Tese Lidia Nazaré - UFF

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implicações destas alterações na forma de representação do mundo, através da<br />

linguagem para fins de comunicação e da linguagem literária.<br />

Em sua organização eu parto dos estudos feitos por Michel Foucault no seu<br />

livro As palavras e as coisas: Uma arqueologia das ciências humanas, publicado<br />

em 1966. Neste estudo ele afirma que até os fins do século XVI, a semelhança<br />

desempenhou um papel construtivo no saber da cultura ocidental. Ele liga esta<br />

semelhança à concepção de mundo da época. Acreditava-se que o mundo “enrolava-<br />

se sobre si mesmo: a terra repetindo o céu, os rostos mirando-se nas estrelas e a erva<br />

envolvendo nas suas hastes os segredos que eram úteis aos homens” (FOUCAULT,<br />

p.34). Como tudo era semelhante, em cada coisa havia uma marca, um sinal, que<br />

indicava a sua serventia para o homem.<br />

Cabia ao saber encontrar essas marcas e a decifrá-las, desta forma “[o] signo<br />

significa[va] na medida em que revela[va] semelhança com aquilo que indica[va]”<br />

(FOUCAULT, p. 49). Desta maneira a forma de representar este mundo primava<br />

pela semelhança das coisas porque “[o] que Deus depôs no Mundo são palavras<br />

escritas; Adão, quando impôs os seus primeiros nomes aos animais, não fez mais do<br />

que ler essas marcas visíveis e silenciosas (...)” (FOUCAULT, p. 62).<br />

Era função do saber “fazer falar tudo” ou seja “em fazer nascer sobre todas as<br />

marcas, o discurso ulterior do comentário” (FOUCAULT, p. 64). Neste caso “[a]<br />

linguagem t[inha] em si mesma o seu princípio interior de proliferação.”<br />

(FOUCAULT, p. 64). 13<br />

No início do século XVII a natureza entra na ordem científica, com isso,<br />

13 A tarefa do comentário, por definição, jamais pode ser concluída. E, no entanto, o comentário está<br />

inteiramente voltado para a parte enigmática, murmurada, que se oculta na linguagem comentada: faz<br />

nascer sob o discurso existente um outro discurso, mais fundamental e como que ‘mais primitivo´ que ele<br />

se propõe restituir” (FOUCAULT, p. 65).<br />

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