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Tese Lidia Nazaré - UFF

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A partir deste texto de Silviano Santiago e outros afins observo que toda<br />

sociedade que atravessa da natureza para a cultura experimenta esta alteração do nome<br />

para o discurso opressor e da identidade ligada aos elementos autoctones para outra<br />

através dos seus sistemas genderizadores 8 .<br />

Por isso acredito que realçar este aspecto da linguagem, a existência do nome<br />

prescindindo à do discurso, limitado em sua função representativa - é importante,<br />

porque a arte literária e o materialismo histórico andam em busca de uma marca<br />

primeira de “outrora” da linguagem que possa ser abstraída de sua função instrumental,<br />

para fins de comunicação, que resulta na organização dos Sistemas de representação.<br />

Esta busca que só pode acontecer na contramão da linguagem discursiva e a<br />

“contrapelo” da História que lhe é tributária, é bastante produtiva. Sendo o homem atual<br />

o resultado de uma construção histórica é importante que ele reflita sobre o processo de<br />

construção da sua identidade e da de seu país, sobre as ideologias dos Sistemas de<br />

representação que o constitui como ser e sobre o modo como esta ideologia é incutida e<br />

incorporada nele e por ele. Já se sabe que tanto a linguagem quanto a identidade<br />

encontram-se alteradas e isto se dá para fins de ajustamentos sociais que intencionam<br />

construir e manter a Ordem estabelecida cimentada em torno da relação centro/margem<br />

que caracteriza a História.<br />

No caso de países que foram colonizados, como o Brasil, por exemplo, essa<br />

busca torna-se condição sine qua non para que reflitamos sobre a formação da nossa<br />

identidade e sobre pontos a partir dos quais malogros históricos, como a relação<br />

dominante/dominado, que encontra suas origens na relação colonizador/colonizado, por<br />

exemplo, tomaram forma.<br />

8 Este termo foi utilizado por Lúcia Helena em inglês, na esteira de Teresa de Lauretis, para ser<br />

diferençado de “gênero literário”. Assim tal designação que será mantida nesta forma remete “a gênero<br />

(masculino e feminino) não como referência ao imediatamente sexual, biológico ou natural, mas como<br />

uma relação cultural, social, predicada pela oposição dos dois sexos biológicos” (HELENA, 2006, p. 25).<br />

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