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Tese Lidia Nazaré - UFF

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fins: de propagação dessas ideologias e mesmo de propagação de uma literatura realista-<br />

naturalista não se abrem ao dialogismo que possibilita tal verificação. Este tipo de<br />

linguagem não só é capaz de alienar o sujeito, limitando e direcionando a sua<br />

capacidade de percepção e de representação do mundo como tende a torná-lo<br />

individualista.<br />

O nosso sistema lingüístico que se fundamenta em termos comparativos do<br />

caráter binário da língua dificulta a expressão de um pensamento que não opere dentro<br />

deste padrão. Entre o branco europeu e o negro africano ou o mestiço sul americano o<br />

que existe, em termos comparativos, que possa ser expressado de forma objetiva e sem<br />

rodeios? A linguagem é o a priori da expressão do pensamento e este, por sua vez,<br />

acomoda-se na dicotomia centro e margem. “Pequena Flor” é “Escura como macaco”, e<br />

o Brasil, o que seria diante do olhar europeu? São estes os textos que estão na base do<br />

nosso sistema de representação, dentro do qual são forjadas, sob uma única perspectiva<br />

de visão de mundo, nossas identidades e a identidade nacional. É este sistema que<br />

costumamos tomar por natural.<br />

Assim o narrador faz ver o motivo pelo qual ele evita o ato de nomear que<br />

enreda o sujeito, que o transforma em caça instigando todos a vê-lo como o outro, o<br />

estigmatizado. E, à medida que ele vem mostrando as ações de Marcel Pretre, voltadas<br />

para este aspecto, com relação à Pequena Flor, vem também estigmatizando a ele<br />

próprio, ao chamá-lo “explorador”. Pelo fato de termos sido colonizados pelos europeus<br />

passamos a vê-lo como o explorador, já que a palavra evoca, por similaridade,<br />

colonizador e, pelo mesmo processo, passamos à condição de explorados “caçam-nos<br />

em redes e os comem”.<br />

mitologia ou da religião. A ligação entre o individualismo e o perspectivismo é relevante; ela forneceu o<br />

fundamento material eficaz aos princípios cartesianos de racionalidade que foram integrados ao projeto<br />

do Iluminismo” (HARVEY, 2006, p. 223).<br />

224

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