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dissimular – ela na perspectiva da palavra racionalizada, e ele, na perspectiva da palavra<br />
original -, de forma que são capazes também de conseguirem harmonizar as duas<br />
linguagens de que seus “eus” são constituídos, desde que provocados pela nudez da<br />
Coisa.<br />
Neste caso parece-me pertinente ligar esta palavra dissimulada “coisa rara” a<br />
uma coisa que não tem sentido e liga esta coisa que não tem sentido, ao sexo do marido.<br />
O que não tem sentido é: dizer que “Pequena Flor” está rindo, naquelas circunstâncias;<br />
dizer que “Marcel Pretre” sentiu mal-estar, ao olhar para a barriguinha dela e depois<br />
justificar o mal-estar a partir do rosto, dizendo que era porque “ela estava rindo”; dizer<br />
que ela pulava de galho em galho. Nesta cena, sem sentido, aparece o termo “coisa<br />
rara”, que fazia alusão, na cena anterior, à manifestação do sexo do marido. Neste caso<br />
a “coisa rara”, menor mulher do mundo, está metamorfoseada em serpente,<br />
metamorfose sugerida na “coisa rara”/palavra, no som do /s/. O gesto e o som da mulher<br />
é o gesto, de pular de galho em galho, e o som da serpente.<br />
A mudança de tom do narrador, ao saltar da cena da nomeação da mulher “coisa<br />
rara” para a cena da floresta, assim o justifica: “E a própria coisa rara? Enquanto isso,<br />
na África, a própria coisa rara tinha no coração – quem sabe se negro também, pois<br />
numa natureza que errou uma vez já não se pode mais confiar - , enquanto isso a própria<br />
coisa rara tinha no coração (...)” (LF, p.83).<br />
Observo aqui o balbucio apontando para a contingência do simbólico no ato de<br />
nomear o real. Observo também a tentativa do narrador em retirar, afastar o olhar do<br />
leitor do termo inadequado, porque é uma dissimulação de outra dissimulação.<br />
Significado que ele está tentando cimentar, aproveitando o sulco do significado que este<br />
recebeu à revelia, naquela casa. Em seu lugar de origem, este signo é somente uma<br />
imagem acústica, uma escritura. Dizer que “Pequena Flor” – ela apareceu no jornal com<br />
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