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Tese Lidia Nazaré - UFF

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impossível de ser cindida. Esta cena torna-se mais eloqüente quando nos deparamos<br />

com o motivo pelo qual ela está aplicando esta ação inumana, de hipnotizar – aqui a<br />

“Marcel Pretre”: “Em segundo lugar, se a própria coisa rara – veja que o narrador<br />

mistura a palavra com a mulher - estava rindo, era porque, dentro de sua pequenez,<br />

grande escuridão pusera-se em movimento” (LF, p.84). O filho estava ameaçado.<br />

Somente uma vez o narrador focalizou-a como animal, e este “[e]m segundo lugar” foi<br />

uma tentativa de justificar a atitude “bestial” dela. Ela que até agora não se manifestara<br />

como animal, na perspectiva dele. É preciso lembrar que ele só o faz neste momento de<br />

embriaguez, em que, também ele está confuso, e precisa focalizá-la devidamente. Se<br />

não entendemos isso, achamos que ele encarna a axiologia humanista que tende à<br />

redução do mundo ao mesmo, e isso não parece sensato.<br />

Há outro motivo pela qual podemos ligá-la à serpente. O narrador está confuso.<br />

Não podemos confiar nele. A linguagem que ele usa está em estado de natureza<br />

selvagem, rumoreja, nossos sentidos não estão preparados para acessá-la. Ele diz que<br />

ela “pula de galho em galho”. Não é somente o macaco que pula de galho em galho, a<br />

serpente também o faz. Vejo se posso explicar essa metamorfose: de macaco a serpente<br />

e se esta tentativa conduz o meu pensamento para o reconhecimento da diferença ou da<br />

semelhança. Vale lembrar que na frase de “Marcel Pretre”, “Pequena Flor” foi<br />

comparada a um macaco e que a sociedade que ele recebeu a informação conduziu ou<br />

teve o pensamento conduzido para a diferença.<br />

No início da cena, já em estado de embriaguês, o narrador a chama “coisa rara”.<br />

Tal nomeação não é dele, é somente um eco da última nomeação que mostrou, ocorrida<br />

no seio de uma família, que desejava possuí-la.<br />

Esta posse está repleta de conotação sexual, e quero dizer que ela é vista como<br />

fetiche sexual: “no coração de cada membro da família nasceu, nostálgico, o desejo de<br />

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