13.04.2013 Views

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

significado é a imagem significante, que pode preservar o sulco do significado e locar<br />

outros sentidos nele ou então ser convertido em sopro, som.<br />

1.4. Sob o silvo da serpente<br />

Neste caso vamos ter que considerá-los – os sons - já que deixamos “a mulher”<br />

ou seria “Pequena flor” ou seria “coisa rara”, ainda há pouco, pulando de “galho em<br />

galho” e emitindo sons de macaco. Busquei por este som. Mas não pude encontrá-lo em<br />

lugar algum do texto. Ele não existe. Encontrei o som de uma serpente e não de um<br />

macaco. O narrador confundiu-me, porque ele está confuso, talvez sob o efeito da<br />

hipnose. Antes, ele disse que os likoualas comunicavam-se através dos gestos e dos sons<br />

animais. Isso afasta a dúvida sobre a inexistência do som do macaco, já que existe a<br />

possibilidade de outros sons. O som que se espalha ao longo da cena é o mesmo que<br />

encontramos na frase em que o narrador diz sobre o modo como eles de comunicam. É<br />

o som do “silvo” da serpente. Ele encontra-se no som do /s/ do verbo repetido para falar<br />

sobre a ação da mulher, do estereótipo, e da palavra poética: “estava”.<br />

Ao que parece “Marcel Pretre” está hipnotizado pelas inúmeras possibilidades<br />

de palavras com que ele poderia nomear esta mulher mínima e grávida. Isso porque ele<br />

viu que a sua palavra conotada-estereotipada abriu-se para uma multiplicidade de<br />

interpretação. Assim “Pequena Flor” estava grávida de sentidos. Contudo ele fechou a<br />

abertura deste nome diante da comparação “[e]scura como macaco” e conduziu-o a uma<br />

forma que construiu à diferença. Agora, diante da mulher que já recebeu o nome e já<br />

está reagindo a esta nomeação, ele sente mal-estar. Mal-estar que advém da<br />

impossibilidade de classificar, agora, o riso. Volto à cena.<br />

Então não sabemos com precisão de onde parte a focalização, se de “Marcel<br />

Pretre”, é o mais provável, se do narrador. Não posso saber. Há uma mistura aqui<br />

203

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!