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Tese Lidia Nazaré - UFF

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usca de uma saída, porque “não tendo outros recursos ela estava reduzida à<br />

profundeza” (LF, p. 85), ou seja, a falta de agilidade de “Marcel Pretre” havia reduzido-<br />

a em estereótipo “Pequena Flor”.<br />

Observo a pontuação a partir da conjunção adversativa “Mas”, para sentir o<br />

desespero da palavra poética alegorizado no rumor da língua. Ela, a palavra poética, está<br />

recuada, à deriva, em condição de desvantagem quando comparada à palavra<br />

racionalizada. O narrador assim o sugeriu, numa cena anterior, ao se referir aos<br />

“likoualas”: “a racinha de gente sempre a recuar e a recuar” (LF, p.78), na condição de<br />

caça, como o narrador já focalizou antes, no referente inicial “explorador francês Marcel<br />

Pretre, caçador e homem do mundo”. Eu sei que na citação acima o narrador está se<br />

referindo não à palavra e sim aos “likoualas”, contudo é com a palavra estereotipada<br />

que eles são caçados, no caso por “Marcel Pretre”.<br />

A despeito da linguagem não articulada de “Pedro Vermelho” eu disse antes que,<br />

para o homem que fala, que habita a linguagem, o som dos animais parece indistinto, só<br />

que não é, porque é com ele que os animais se comunicam. O homem que fala, não está<br />

atento ao detalhe, dado o seu hábito de generalizar as coisas e de reduzir o mundo ao<br />

mesmo. Acessei a linguagem de “Pedro Vermelho” nos detalhes 96 e esta cena que<br />

estamos “descobrindo” também só é possível porque estou atenta aos detalhes.<br />

Como “Pedro Vermelho”, “Pequena Flor”, tomada por “babuíno” por “Marcel<br />

Pretre”, apresenta semelhança com o macaco. Não é um macaco, é verdade, contudo o<br />

narrador ao afirmar que a “coisa rara” – palavra poética – “pula de galho em galho”<br />

confunde os nossos sentidos. Pela migração dos sentidos pensamos que quem pula de<br />

galho em galho é a “menor mulher do mundo”.<br />

96 Cf. Cap. II.<br />

200

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