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Tese Lidia Nazaré - UFF

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Foi o olhar dele, desejoso de posse e desinteressado pelo bem-estar dela, que<br />

cruzou com o olhar dela e deste encontro ou desencontro (?) – o narrador/focalizador<br />

não me deu, ainda, sequer uma fresta para que eu acesse um sentido da linguagem do<br />

olhar dela. Ou então já o sugeriu e eu não percebi – surgiu o mal-estar.<br />

O que havia naquele olhar?<br />

“Ana” e “G.H.” podem responder. O cego dirige a “Ana” uma linguagem que<br />

ela não consegue acessar imediatamente, mas que a “insulta”, provoca, e “G.H.” da<br />

mesma forma, não consegue acessar imediatamente a escritura ou o “sulco do<br />

significado”: a mancha, o desenho de Janair, que também a provoca e a barata que a<br />

olhava.<br />

Neste caso “Marcel Pretre” está diante de uma linguagem a que ele não tem<br />

acesso, porque ela se lhe apresenta em estado original, é uma escritura. No caso das<br />

duas personagens anteriores, acompanhamos suas travessias quando elas se<br />

encontravam em estado de náusea, assim devemos acompanhar a travessia de “Marcel<br />

Pretre”. E o fazemos sim, só que a partir do focalizador, porque “Marcel Pretre” mesmo,<br />

está imobilizado diante do olhar de “Pequena Flor”, está incapaz de ação e de reação.<br />

O narrador que é também um focalizador vem narrando na perspectiva de<br />

“Marcel Pretre”, neste caso não pode mais narrar, a menos que o faça, como “Pedro<br />

Vermelho”, sob a luz da embriaguês dos sentidos de quem está hipnotizado – o que não<br />

seria uma narração e sim uma focalização -, sob à luz de sua própria focalização - que é<br />

contra-ideológica -, e dos “likoualas” - que não falam, usam poucos nomes, e se<br />

manifestam por gestos e sons animais.<br />

Estamos diante de um problema: como vamos conseguir acessar esta linguagem<br />

sem sentido, dissimulada, da qual só compreendemos o nome adâmico? É certo que a<br />

focalização está nesta perspectiva. Como disse antes, tudo o que diz respeito à<br />

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