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um ser humano só para si? O que, é verdade, nem sempre seria cômodo, há horas em<br />
que não se quer ter sentimentos” (LF, p.82-3).<br />
Mesmo tendo sido nessas condições, somente agora, após a cena da nomeação,<br />
ele olhou para ela e “[f]oi neste instante que o explorador, pela primeira vez desde que a<br />
conhecera, em vez de sentir curiosidade ou exaltação ou vitória ou espírito científico, o<br />
explorador sentiu mal-estar” (LF, 1960, p.84).<br />
Noto que em nenhum lugar do texto foi dito que ele sentiu o que foi revelado<br />
nesta cena. Neste caso vamos encontrar noutras cenas do texto frestas esvaziadas de<br />
sentido ou signos que não são capazes de darem conta dos sentidos que deles se espera.<br />
Esses sentidos contingentes são completados pelos que nesta cena se encontram: Neste<br />
caso quando “Marcel Pretre” “defrontou-se” com ela, cena da página setenta e sete, ele<br />
sentiu “curiosidade”, cena da página oitenta e quatro.<br />
Veja o verbo tendo seu sentido costumeiro téte-a-téte escoado, o que faz<br />
bastante sentido pois ele jamais estaria téte-a-téte com uma mulher de quarenta e cinco<br />
centímetros; quando “descobriu toda em pé e a seus pés, a coisa humana menor que<br />
existe”, cena da página setenta e nove, ele sentiu “exaltação ou vitória ou espírito<br />
científico”, cena da página oitenta e quatro. Veja que só existem essas duas cenas e aí<br />
estão os sentimentos divididos em dois grupos: “curiosidade/ ou exaltação ou vitória ou<br />
espírito científico”.<br />
Por isso o seu coração “bateu” de “exaltação ou vitória ou espírito científico”.<br />
Naquele contexto não era este o sentimento que me acometeu sobre ele. O coração<br />
pareceu ter batido de emoção. Emoção influenciada pelo idealismo romântico, presente<br />
no nome “Pequena Flor”, que julguei delicado e pelos termos da frase que o antecedeu<br />
“[f]oi então que o explorador disse timidamente e com uma delicadeza de sentimentos<br />
de que sua esposa jamais o julgaria capaz: - Você é Pequena Flor” (LF, 1960. p. 79).<br />
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