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Tese Lidia Nazaré - UFF

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da classe dominante que relacionam tempo e capital. Os que o atravessam sob o<br />

desassossego da busca de “uma saída” em quaisquer aspectos que sejam, estão na<br />

mesma condição de “Pedro Vermelho”. 94 Neste caso diremos que a perspectiva de<br />

tempo de “Pedro Vermelho” é natural, psicológico.<br />

“Pequena Flor” experimentou esta mesma pressão do tempo ali, em frente de<br />

“Marcel Pretre” embora a frase onde esta tensão se manifesta tenha me confundido. Vou<br />

a ela: “[m]etodicamente o explorador examinou com o olhar a barriguinha do menor ser<br />

humano maduro” (LF, p. 83). Ainda influenciada pelo idealismo romântico e pela<br />

delicadeza da palavra no diminutivo, não me dei conta de que ele examinou<br />

metodicamente, com o olhar, ao modo de um cientista, frio e desinteressado.<br />

Noto que a ação de examinar metodicamente, concentra-se integralmente nele.<br />

Por dois motivos aqui simultâneos: primeiro, porque o focalizador sabe que a mulher<br />

não requer cuidados, disse e sugeriu isso antes ao adjetivá-la com o termo ambivalente<br />

“madura”. Segundo por uma questão de coerência com a informação divulgada no<br />

jornal por “Marcel Pretre”. Ele descobriu, patenteou e divulgou a descoberta em sua<br />

perspectiva, como coisa sua, logo o ato em questão é do interesse dele.<br />

Comumente quem examina alguém deveria fazê-lo no interesse do bem-estar do<br />

examinado. Não foi o caso aqui. Sua ação é intransitiva para ele. Intensa. Plena. Para o<br />

outro ela se torna vazia, já que este outro em nada se beneficia da ação. A focalização é<br />

feita simultaneamente na perspectiva de ambos. “Pequena Flor” fôra vista pelo<br />

narrador/focalizador no jornal em estado de tristeza. Assim “Marcel Pretre” continua<br />

distante dela, mas cada vez mais interessado em sua posse.<br />

Noutra cena, diz o narrador/focalizador, numa fala entrecortada, engrolada,<br />

alusiva a esta cena do encontro que analiso “[e], mesmo, quem já não desejou possuir<br />

94 Para um estudo mais detalhado sobre o tempo consulte HARVEY, 2006.<br />

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