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Tese Lidia Nazaré - UFF

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produção e o amor aqui, como o gesto de “Pedro Vermelho” não é o usual, trata<br />

somente de um “ponto de apoio”, um grão de voz, um significante quase vazio - como<br />

as ave-marias de minha avó - sobre o qual o leitor tentará alcançar um sentido, que<br />

muito longe se vai, desconhecido de nossos discursos racionais. Paralelamente a esta<br />

travessia da linguagem ocorre a travessia de “Marcel Pretre” focalizada pelo narrador.<br />

“Pequena Flor” conserva sua linguagem essencial.<br />

Após a divulgação da imagem de “Pequena Flor” no suplemento do Jornal ela é<br />

focalizada na África, no lugar em que ela sempre esteve, desde a primeira cena em que<br />

aparece. Por ser um conto não se passaram muitas páginas, o que nos levaria a crer que<br />

não se passou muito tempo. Mas isto não parece ser verdadeiro. O tempo humano do<br />

colonizador não é igual ao tempo humano do colonizado. O tempo também é<br />

organizado pelo Sistema de representação. O que seria da sociedade do dinheiro se o<br />

tempo não fosse tão bem calculado, desde os deliciosos produtos consumidos no café da<br />

manhã até o repouso merecido sob a proteção do horário nobre da TV, onde aparecem<br />

os anúncios dos referidos produtos?<br />

Recorro a “Pedro Vermelho” “[q]uase cinco anos me separam da condição de<br />

símio; espaço de tempo que medido pelo calendário talvez seja breve, mas que é<br />

“infindavelmente” 93 longo para atravessar a galope como eu fiz” (UMR, 2007, p.59). O<br />

tempo natural de “Pedro Vermelho”, o tempo que preexiste à sua condição de macaco é<br />

o não tempo. Não é construído e demarcado pelo calendário. Na sua condição atual de<br />

ex-macaco, ele acentua que a colonização do tempo pelo homem, a sua redução, é feita<br />

em benefício deste homem. Não serve para ele. Por isso o que para o homem é tempo<br />

pequeno, para ele é tempo sem fim, porque o atravessou sob pressão. O que nos faz<br />

pensar que a redução do tempo, só é favorável para um determinado tipo de homem: os<br />

93 Grifo meu.<br />

193

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