Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
“ladainha” - centrada num único objeto ou no prestígio que dele possa advir, para fins<br />
comerciais. Neste caso<br />
o rumor não é mais que o ruído de uma ausência de ruído, referido à língua, ele seria<br />
este sentido que se faz ouvir, uma isenção de sentido, ou – é a mesma coisa – esse não<br />
sentido que faria ouvir ao longe um sentido agora liberto de todas as agressões de que o<br />
signo, formado na ‘triste e selvagem história dos homens`, é a caixa de pandora”<br />
(BARTHES, 2004, p. 95-6).<br />
A linguagem de minha avó me faz entender a linguagem de “Pedro Vermelho”.<br />
Na verdade “Pedro Vermelho” quer apenas chamar os “senhores” da Academia à razão,<br />
naquele ato de manter a identidade da matéria-prima, o seu non sense, no material<br />
construído por ela.<br />
Estou querendo dizer que o signo construído arbitrariamente, não consegue dar<br />
conta de comunicar algo com exatidão e é ele que está na base do nosso Sistema de<br />
representação, norteador da nossa vida real. O real simbolizado, neste caso, é construído<br />
de acordo com este ou aquele ponto de vista, assinalado pela linguagem. E a vida<br />
humana, o bem mais precioso que existe, fica à mercê desta trama. A “palavra franca”, a<br />
“linha de orientação” o nome, é o traço (LACAN, 1986, p. 26) mais original a que<br />
podemos chegar nesta tentativa de apontar o dedo para este discurso - construído a partir<br />
dela - que nos enreda.<br />
Como esta palavra reside no infinito, jamais chegaríamos a um ponto primeiro -<br />
os artistas da palavra em questão representam-na primeiro, como que mostrando o<br />
último estado de sua matéria. Neste caso eles mostram o símbolo, mas não mostram a<br />
coisa. Depois a transformam em sopro, fundamento sem fundo, ponto a partir do qual a<br />
coisa é revelada. Neste caso eles mostram a coisa e não a sua representação.<br />
Assim uma fresta é aberta na linguagem instrumental, o real que ela acredita<br />
nomear, recusa o simbólico e a coisa aparece inominável diante dos nossos olhos “o real<br />
191