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Todos os sete focalizadores tomaram a linguagem e a fotografia construídas,<br />
culturais, por verdadeiras, naturais e como ambas as formas de representação não são<br />
capazes de representar a singularidade do ser, a mulher africana é entendida como um<br />
erro da natureza. E erro porque é negra: “quem sabe se negro também”. Ninguém<br />
questionou sobre a capacidade ou não de representação da linguagem. E como fazê-lo se<br />
“toda a análise de signos é ao mesmo tempo, e de pleno direito, decifração daquilo que<br />
eles querem significar. Inversamente, o desvendamento do significado nada mais será<br />
do que a reflexão sobre os sinais que o indicam” (FOULCAULT, 1966, p. 96)? Se<br />
nossas reflexões partem da linguagem e finalizam-se nela, fica difícil escaparmos de<br />
suas redes. Assim, o que os focalizadores viram é aquilo mesmo, já que todos viram a<br />
mesma coisa. Ninguém refletiu sobre a possibilidade do pensamento ser conduzido pela<br />
lógica discursiva, para a busca da diferença e não da semelhança.<br />
Assim como “Marcel Pretre”, eles encarnam a axiologia humanista, excetuando,<br />
talvez, a menina de cinco anos. Isso porque foram induzidos pela comparação feita por<br />
“Marcel Pretre”, comprovando assim a força persuasiva da linguagem e a predisposição<br />
do espírito. Predisposição construída, para ver no outro a diferença e não a semelhança.<br />
Certamente não acreditaríamos nisso se não tivéssemos nos deixado seduzir por<br />
“parecia um cachorro pequenez” mesmo diante de descrição de um macaco. É claro que<br />
existe uma “força simbólica” que preexiste à informação, mas ela também é organizada<br />
por palavras e inculcada nas pessoas, conforme nos alerta Bourdieu (1999). 83<br />
83 O crítico a define da seguinte maneira: “A força simbólica é uma forma de poder que se exerce sobre<br />
os corpos, diretamente, e como que por magia, sem qualquer coação física; mas essa magia só atua com o<br />
apoio de predisposições colocadas, como molas propulsoras, na zona mais profunda dos corpos. Se ela<br />
pode agir como um macaco mecânico, isto é, com um gasto extremamente pequeno de energia, ela só o<br />
consegue porque desencadeia disposições que o trabalho de inculcação e de incorporação realizou<br />
naqueles ou naquelas que, em virtude desse trabalho, se vêem por elas capturados. Em outros termos, ela<br />
encontra suas disposições de possibilidade e sua contrapartida econômica (no sentido mais amplo da<br />
palavra) no imenso trabalho prévio (o grifo é nosso) que é necessário para operar uma transformação<br />
duradoura dos corpos e produzir as disposições permanentes que ela desencadeia e desperta; ação<br />
transformadora e ainda mais poderosa por se exercer, nos aspectos mais essenciais, de maneira invisível e<br />
insidiosa, através da insensível familiarização com um mundo físico simbolicamente estruturado e da<br />
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