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deste antigo ritual: quadrilha à la anos 60, à la Disney, à la qualquer coisa que não seja<br />
tradicional ou como dizem os meninos “àquela bobagem acaipirada”. Na última<br />
quadrilha que eu fui outros signos ocupavam o lugar dos antigos. Tudo girava em torno<br />
do capital. Senti saudades do meu São João. Quando a arte está a serviço da informação<br />
ela perde a aura devido à necessidade de ser imediatamente assimilada. Ela está ali para<br />
ser vendida. E os consumidores não podem apegar-se a elas, porque isso seria um<br />
entrave para o sistema capitalista, que funciona em torno do giro da mercadoria. A<br />
função ritual, centrada num único objeto, fazia girar o pensamento, a função política,<br />
centrada no giro das mercadorias, liquida-o, congela-o, convertendo-o igualmente em<br />
mercadoria.<br />
Walter Benjamim então está correto com relação à linguagem informativa.<br />
Como estamos observando a partir da focalização de “Marcel Pretre”, ela é<br />
incompatível com o espírito da narrativa uma vez que precisa ser objetiva, plausível,<br />
comparativa. Entretanto estamos tendo a oportunidade de refletir sobre as limitações de<br />
tal linguagem, porque somos conduzidos por um narrador que já teve acesso à<br />
informação, tirou as suas conclusões e, a partir disso, tem uma experiência do olhar para<br />
compartilhar com o leitor, ou por que não dizer um conselho para dar? Jeanne Marie<br />
Gagnebin (2007), a partir de seus estudos sobre Walter Benjamin afirma que o conselho<br />
pode ser dado<br />
se uma história conseguir ser dita, colocada em palavras, e isso não de forma definitiva<br />
ou exaustiva, mas, pelo contrário, com as hesitações, as tentativas, até as angústias de<br />
uma história ‘que se desenvolve agora’, que admite, portanto, vários desenvolvimentos<br />
possíveis, várias seqüências diferentes, várias conclusões desconhecidas que ele pode<br />
ajudar não só a escolher, mas mesmo a inventar, na retomada e na transformação por<br />
muitos de uma narrativa à primeira vista encerrada na sua solidão. (GAGNEBIN, 2007,<br />
p. 63).<br />
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