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E é assim, forjada por “Marcel Pretre” que a descoberta é revelada à sociedade<br />
“no suplemento colorido dos jornais de domingo”. “Cada manhã” diz Walter Benjamin<br />
(1996) “recebemos notícias de todo o mundo. E, no entanto, somos pobres em histórias<br />
surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam acompanhados de explicações”. E,<br />
continuando “[e]m outras palavras: quase nada do que acontece está a serviço da<br />
narrativa, e quase tudo está a serviço da informação. Metade da arte narrativa está em<br />
evitar explicações” (BENJAMIN, 1996, p. 203). Quando Walter Benjamim faz essas<br />
considerações está acenando para a mudança da função social da arte. Antes ela estava a<br />
serviço dos ritos. Neste caso não tinha a intenção de colonizar o pensamento para um<br />
determinado fim, pelo contrário, bordejava o imaginário que a reverenciava em virtude<br />
de sua aura, conduzia o ser ao encontro consigo mesmo, porque ligada à sua tradição,<br />
iluminava todos os seguimentos de sua vida.<br />
Em pequena eu ficava fascinada diante da imagem de São João, que minha mãe<br />
trazia no oratório. São João menino carregava em suas delicadas mãozinhas o globo<br />
terrestre. Minha mãe me contava que o menino vivia infeliz com o mundo, porque os<br />
homens faziam a guerra e não repartiam o alimento. Por conta disso ele havia solicitado<br />
a Maria que o deixasse destruir o mundo no seu dia. Ela, a fim de não contrariá-lo,<br />
concedeu-lhe o ato, contudo mãe também dos homens, ela não podia deixá-lo levar a<br />
empresa adiante. Assim, em seu dia, ela o fazia dormir. A tensão de Maria, com medo<br />
de não mantê-lo adormecido fazia com que aquela fosse a noite mais longa do ano.<br />
Cabia a nós mantermos o silêncio a fim de não acordá-lo. Com os anos passei a indagar<br />
sobre as fogueiras e as festas em seu redor. Tudo isso poderia acordar o menino. Seria<br />
melhor que os fogos de artifício fossem calados. Mas minha mãe conjeturava e nós<br />
entrávamos em suas conjeturas. Talvez porque, etc. Restou-me destas histórias a<br />
lembrança daquelas festas silenciosas, porque nossa. Hoje a estilização tomou conta<br />
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