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Tese Lidia Nazaré - UFF

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O substantivo chama a atenção, porque não é registrado no dicionário no<br />

masculino, ou seja ele não existe, escapulindo assim da possibilidade de uso por<br />

“Marcel Pretre”, que não arrisca termos originais. A palavra concumbina designa a<br />

mulher que vive amasiada com um homem. Marca um lugar cultural pronto, por tratar-<br />

se de termo designativo para diferençar casais legalizados dos amasiados. O termo<br />

significa também “arranjo” o que não pode ser visto sem desconfiança, vindo deste<br />

narrador que sugere arranjos de linguagem. Assim temos dois arranjos: o termo é um<br />

arranjo com fins de organização social e um arranjo feito pelo narrador ao trocar o<br />

morfema de gênero “a” de concumbina por “o” de concumbino. Essa manipulação foi<br />

feita para esconder o nome com o qual se designa o macho de “escura como macaco”,<br />

que estava grávida. Refiro-me ao nome comum: babuíno.<br />

Esta é a única forma de manter a harmonia do conjunto. Só neste final é que<br />

podemos compreender a fala do narrador, ou seja que “classificá-la entre as realidades<br />

reconhecíveis” era classificá-la como “Babuíno” – grifo meu -, e não como “Pequena<br />

Flor” como acreditamos inicialmente. De fato “Marcel Pretre” é francês e babuíno é<br />

derivado do francês babouin, já concumbina vem do latim. Ambas as cenas, “parecia<br />

um cachorro” e “concumbino” retiram o olho do leitor do macaco – escura como<br />

macaco e babuíno. Assim como o termo “parecia um cachorro” surgiu da comparação<br />

“Escura como macaco”, assim também babuíno – macaco – pode surgir da comparação,<br />

só que sonora com “concumbino”, sugerido pela gravidez que aparece logo em seguida.<br />

“Marcel Pretre” esconde “Escura como macaco” na beleza aparente do apelido<br />

“Pequena Flor”, relação aleatória, forjada, grotesca, encaminhando uma interpretação<br />

que tende para ver no outro a diferença.<br />

Já o narrador esconde babuíno no nome concumbino, relação coerente, porque a<br />

semelhança aqui é nos fonemas e a linguagem de “Pequena Flor” era realizada em<br />

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