13.04.2013 Views

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

natureza vegetal – não havia flor naquele local – e humana – ele acreditou-a macaco.<br />

Mas ele precisava possuí-la, usou a arma que tinha, a rede da linguagem.<br />

De posse dessa linguagem e, conseqüentemente do objeto por ela nomeado,<br />

“Pequena Flor”, ele a manipula como deseja, a fim de alcançar seus objetivos, conforme<br />

previsto por Adorno e Horkheimer. Segundo o narrador a “fotografia” de “Pequena<br />

Flor” foi publicada no suplemento colorido dos jornais de domingo em “tamanho<br />

natural. Enrolada num pano, com a barriga em estado adiantado. O nariz chato, a cara<br />

preta, os olhos fundos, os pés espalmados. Parecia um cachorro” (LF, p. 79-80). Esta<br />

focalização “parecia um cachorro” é do narrador. Esta imagem é um hieróglifo na<br />

perspectiva do narrador focalizador. Isso se justifica pelo fato dela se encontrar no<br />

“suplemento” do jornal e não no jornal.<br />

Noto que há uma complexidade aqui. É construída uma fotografia, as pessoas a<br />

tomam por retrato e o narrador/focalizador por hieróglifo. Isso porque a mente<br />

esclarecida humanista sobrepõe a representação ao objeto representado. Eles estão<br />

diante do jornal. Assim como “G.H.”. O narrador/focalizador que narra também na<br />

perspectiva dos likoualas, que têm suas vidas organizadas num estágio adâmico, não<br />

podem acreditar na capacidade de representação do símbolo - ou o conto ficaria<br />

inverossímil -, seu olhar é oblíquo, ele decompõe o jornal e o converte em “suplemento”<br />

e neste a fotografia/retrato – ficção científica que se arroga o direito de representar o<br />

real – se converte em hieróglifo. O mesmo com o qual “G.H.” - acostumada a ler o<br />

jornal - se deparará no quarto de “Janair”.<br />

Uma leitura imediata, não meditada, faz supor que o narrador faz valer a<br />

ideologia humanista de “Marcel Pretre” o que nos levaria a pensar que ele mudou o seu<br />

ponto de vista. Mas isso não acontece. Sua intenção aqui é retirar o olhar do leitor da<br />

cena descritiva, que ele reprova – ele sempre sugere - e provar a capacidade de indução<br />

170

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!